As Forças Armadas chinesas planejam para esta semana exercícios militares no Mar do Sul da China, aumentando as tensões antes da decisão de uma corte internacional que pode desafiar as intenções de Pequim para essa região.
Os exercícios, anunciados em uma breve declaração online neste domingo, estão programados para se estender por mais de sete dias a partir de terça-feira, terminando no dia 11 de julho, um dia antes de o Tribunal de Haia emitir sua decisão. Pequim tem dito repetidamente que vai ignorar o veredicto, apesar da pressão dos EUA e de seus aliados para cumpri-lo.
A expectativa é de que o tribunal em Haia decida contra a China em vários aspectos em um caso apresentado pelas Filipinas em 2013, questionando a legalidade das pretensões de Pequim sobre quase todo o Mar do Sul da China. As reivindicações da China se sobrepõem às da Malásia, de Brunei e Taiwan, bem como às do Vietnã e das Filipinas. Analistas disseram que uma das preocupações de Pequim é de que o veredicto possa desencadear uma série de processos na mesma linha.
A Administração de Segurança Marítima da China deu as coordenadas geográficas para os exercícios em uma área que vai do leste da ilha de Hainan para baixo e incluindo as Ilhas Paracel. As Ilhas Paracel são controladas pela China, mas também reivindicadas pelo Vietnã. Funcionários do governo vietnamita não responderam aos pedidos de comentário.
Funcionários do Ministério da Defesa chinês não puderam ser localizados para comentar o assunto neste domingo. Em um discurso na sexta-feira para marcar o 95º aniversário da fundação do Partido Comunista, o presidente da China, Xi Jinping, disse que o país nunca vai fazer concessões quanto à sua soberania e “não tem medo de problemas”. A China normalmente emite avisos públicos com antecedência sobre exercícios militares, que realiza regularmente no Mar do Sul da China e em outros lugares.
A data e o local desses últimos exercícios parecem particularmente provocativos. Eles coincidem com exercícios navais conjuntos liderados pelos EUA na costa do Havaí, que contam com a participação de navios da marinha chinesa pela segunda vez, como parte dos esforços para melhorar as relações militares.
Uma resposta possível a um veredicto contrário às pretensões chinesas, segundo autoridades norte-americanas, seria a China declarar uma zona de identificação de defesa aérea na área, como Pequim estabeleceu sobre o Mar do Leste da China em 2013, o que exige que todas as aeronaves estrangeiras se identifiquem antes de entrar. Outra possibilidade é que o país, que já construiu sete ilhas artificiais no Mar do Sul da China nos últimos dois anos, comece a recuperação de terras em outra área disputada, conhecida como Scarborough Shoal, que Pequim tomou das Filipinas em 2012.
A China diz que tem o direito de fazer as duas coisas, mas não declarou quaisquer planos específicos até o momento. Autoridades norte-americanas alertaram que qualquer movimento poderia forçar Washington a tomar medidas, sem especificar que tipo de resposta poderia ser dada. Fonte: Dow Jones Newswires.