As chuvas dos últimos dias foram insuficientes para acabar com o risco de desabastecimento no interior de São Paulo. Conforme as prefeituras, as precipitações aconteceram de forma irregular chegando a causar inundações em algumas cidades, enquanto outras amargam a estiagem. Em Itu, os moradores voltaram a conviver com o fantasma da falta de água que assolou a cidade em anos recentes, principalmente na grande estiagem de 2014 e 2015.
Nesta segunda-feira, 14, a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) anunciou um novo aperto no rodízio que deixa parte da cidade sem abastecimento desde o último dia 8. Conforme a empresa, a cidade enfrenta o menor índice de chuvas desde 1998 e os reservatórios tiveram quedas nos níveis. As poucas chuvas caíram de forma irregular, atingindo algumas partes do município, enquanto outras permanecem secas.
Isso explica porque algumas represas estão cheias e outras, quase secas. A Represa do Itaim tem apenas 5% da capacidade, enquanto a do Braiaiá opera 20% e a do Fubaleiro, com 15%. O abastecimento está sendo suprido pelos sistemas Mombaça e Piragibu, que operam com 100% da capacidade. Com a escassez de água, os bairros da região central passaram a ser abastecidos dia sim e dia não.
Já os bairros da região do Pirapitingui receberão água em sistema de rodízio, com o fornecimento interrompido dois dias por semana. As casas localizadas em pontas de rede e bairros altos estão sendo abastecidas com caminhões-pipa. A prefeitura intensificou a fiscalização e autorizou a multar o desperdício – torneiras abertas, uso de mangueiras e lavagem de veículos – com multa de 10% sobre o valor da conta
Em Bauru, vários bairros sofrem com a falta de água desde julho. Mesmo com as chuvas dos últimos dias, a situação não se normalizou. O Departamento de Água e Esgoto (DAE) informou que a baixa vazão do Rio Batalha, principal fornecedor de água para a cidade, causa instabilidade na captação.
Em Avaré, a seca fez com que uma estrada coberta pelas águas da Represa de Jurumirim há quase 60 anos voltasse a ser vista. Sem chuvas copiosas há mais de dois meses, a represa opera com 13% da capacidade, a pior situação da história do reservatório, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em dezembro de 2019, a represa estava com 41% da capacidade. Nos primeiros dez dias deste mês, choveu apenas 37% do esperado no período.
Em Pereiras, a estiagem fez o Ribeirão das Conchas interromper o fluxo de água em vários pontos. Com a captação prejudicada, a cidade está sendo abastecida por poços profundos. Na zona rural, açudes e lagoas estão secando e o gado está ficando sem água para beber. A seca tornou os pastos ressecados e, sem alimentação e água, os animais definham. No bairro da Serra, várias propriedades já registraram a perda de bois e novilhos.