Buster Keaton, Abbot e Costello, Irmãos Marx, Os Trapalhões, Chaves. São todos ícones do humor popular, mas nesta lista o diretor Cleber Papa inclui ainda Gioacchino Rossini, compositor de algumas das principais obras do repertório.
Caso de O Barbeiro de Sevilha, que ganha nova montagem – e roupagem – pelas mãos da Companhia Ópera Curta, e será apresentado nesta sexta-feira, 6, e sábado, 7, no Teatro São Pedro e, em seguida, percorre cerca de 40 cidades do Estado.
É o quinto espetáculo da companhia, criada em 2009 por Papa e Rosana Caramaschi. O objetivo era apresentar a novas plateias as grandes óperas da história, mas sem se limitar ao formato de recital com árias e duetos: na companhia, as obras são recriadas, dando origem a novos espetáculos, com uma dramaturgia própria.
“Com La Traviata, encontramos o caminho que queríamos explorar, com um conjunto musical de câmara no palco e novos diálogos para os personagens”, explica Papa. “Em La Bohème, na sequência, reforçamos a questão do cantor/ator. E, com a Butterfly, mudamos a história de forma radical, pegando um personagem secundário, o filho de Cio-Cio San, e o colocamos, já adulto, como narrador, contando e reinterpretando a história original”, diz.
No Barbeiro, a ideia foi explorar o que Papa chama de “gênese do riso”. “Por que rimos? Essa pergunta serviu de ponto de partida para uma pesquisa sobre o humor, o tempo da comédia, além da incorporação de múltiplas referências da TV, do cinema. E, claro, do próprio Rossini, da sua habilidade em trabalhar o tempo da comédia na música, e do autor da peça que deu origem à ópera, Beaumarchais.”
No elenco estão o barítono Vinicius Atique, os baixos Pepes do Valle, Pedro Ometto, José Cardoso e Gustavo Müller, a meio-soprano Luisa Francesconi, a soprano Caroline De Comi e o tenor Caio Duran. Eles são acompanhados por um quinteto com piano (Rafael Andrade e Lucas Bojikian), violino (Ulisses Nicolai), violoncelo (Rossana Fonseca), flauta (Henrique Amado e Carmen Garcia) e percussão (Luana Oliveira e Sérgio Vieira).
A direção musical é do maestro Luis Gustavo Petri. “O primeiro desafio é escolher o que cortar. Mas fizemos diferente: em vez de tirar trechos inteiros, fizemos cortes nas árias e cenas de conjunto. A abertura, por exemplo, tem oito minutos, mas aqui ficou com quatro. Também reorquestrei a música para o nosso conjunto. Peguei o original de Rossini, tentei entender a lógica interna da partitura, identificando as escolhas que ele fez, e busquei reproduzi-las para um conjunto menor. É quase um trabalho de recriação.”
Em 2015, a companhia vai passar pelo Estado, com o Barbeiro e La Traviata. Ao longo do projeto, já houve 174 apresentações em 74 cidades, para um público de 140 mil pessoas. “A itinerância está na gênese do projeto”, explica Rosana Caramaschi. “E é muito interessante perceber como, ano a ano, as cidades têm se envolvido mais com a propostas, realizando projetos paralelos, como cursos sobre ópera ou sobre o compositor que vai ser apresentado. E isso se deve à resposta entusiasmada do público. São pessoas que, muitas vezes, estão tendo o primeiro contato com o gênero e de uma forma que implode todos os clichês associados a ele.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.