Opinião

Cidade despreparada para as chuvas


Entra ano, sai ano e Guarulhos não muda em um aspecto que prejudica – e muito – boa parte da população. Basta cair uma chuva mais forte para demonstrar que muito pouco, ou quase nada, foi feito desde a última temporada de águas. As enchentes, pelo segundo ano consecutivo em um 8 de dezembro, aniversário do município, castigaram diferentes bairros, sobretudo aqueles cortados por córregos. Nem mesmo a avenida Paulo Faccini, cujo serviço de recapeamento foi concluído no mesmo dia, escapou das águas, transformando-se em um verdadeiro rio, ficando intransitável por quase uma hora.


Baixadas as águas, uma cena em comum nos mais diferentes pontos: lixo e sujeira que transbordaram dos córregos, demonstrando mais uma vez que a ausência de um serviço de prevenção, aliada à falta de educação da população que continua a jogar todo tipo de dejetos nas ruas e em cursos d´água, faz com que as inundações se tornem quase inevitáveis. Para complicar um pouco mais a situação, ações macro – com as necessárias construções de pisciniões, alargamentos e desassoreamento dos rios que cortam Guarulhos – não passam de projetos de médio e longo prazo. Neste sentido, há confronto de interesses entre a Prefeitura e o Governo do Estado no projeto de desassoreamento e canalização (urbanização) do Baquirivu, um dos pricipais cursos que cortam Guarulhos.


Enquanto as autoridades não definem suas prioridades e os projetos não saem do papel, dá para afirmar – sem medo de errar – que Guarulhos vai sofrer muito ainda neste e nos próximos verões. O único grande projeto em andamento que, parece, está em vias de ser iniciado graças às verbas do PAC 2, diz respeito à região do Lago da Vila Galvão, uma área que enche até em chuvas mais brandas. Mesmo assim, ainda depende de uma série de detalhes para ser efetivado.


Pior que dezembro chegou e não há mais tempo nem para promover uma limpeza maior dos principais pontos de enchetes. Mas dá, pelo menos, já que o poder público não faz sua parte, a população colaborar evitando jogar lixo nos córregos, assim como não colocar nada nas ruas muito antes dos horários de coleta. Para que os dejetos não sejam levados pelas águas para os rios ou mesmo para os bueiros. Também fica o alerta que não adianta muito apenas recapear ruas e avenidas sem o devido serviço de drenagem nas galerias. A Paulo Faccini é um exemplo de que essa receita, definitivamente não dá certo.

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