Estadão

Cientistas americanos geram energia a partir da fusão nuclear

Foi só por uma fração de segundo, mas ainda assim um passo importante para a geração de energia limpa. Pesquisadores do National Ignition Facility no Lawrence Livermore National Lab, na Califórnia, conseguiram desencadear uma reação de fusão. Usando 192 lasers e o triplo da temperatura do centro do sol, duas moléculas de hidrogênio se fundiram gerando energia sem resíduos. Os dados preliminares do experimento haviam sido divulgados em agosto. Na quarta-feira, a revista <i>Nature</i> publicou os resultados totais.

A fusão atingiu 1,5 quatrilhão de watts. A energia é liberada quando átomos de hidrogênio se fundem em hélio, mesmo processo que ocorre nas estrelas. Ao todo foram quatro experimentos com a participação de mais de cem cientistas.

A meta dos pesquisadores, ainda distante, é gerar energia da mesma forma que o sol gera calor, com átomos de hidrogênio tão próximos uns dos outros que se fundem em hélio.

<b>Ignição</b>

De acordo com os cientistas, eles estão próximos de atingir um avanço ainda maior: a ignição. Ela ocorre quando o combustível queima por conta própria, produzindo mais energia do que o necessário para a reação inicial.

Em agosto, Mark Herrmann, vice-diretor do programa de Livermore para a física de armas fundamentais, comparou a reação da fusão com os 170 quatrilhões de watts de raios de sol que chegam à Terra. "É aproximadamente 10% disso", disse na época. "A energia de fusão emanava de um ponto quente equivalente ao tamanho de um cabelo humano."

A explosão – basicamente uma bomba de hidrogênio em miniatura – só durou 100 trilionésimos de segundo. Ainda assim, gerou otimismo nos cientistas que há muito tempo esperavam que ela pudesse algum dia fornecer uma fonte de energia limpa e ilimitada. As reações surpreenderam porque a fusão requer temperaturas e pressões tão altas que facilmente fracassam.

Siegfried Glenzer, cientista do SLAC National Accelerator Laboratory, na Califórnia, que liderou os primeiros experimentos de fusão na instalação de Livermore anos atrás, se disse animado. "Isso é muito promissor, alcançar uma fonte de energia que não emita CO2."

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