Cidades

Cineasta guarulhense lança curta-metragem sobre violência contra a mulher

O processo de criação, a inspiração, os desafios e o mote do curta-metragem Obrigada, filme escrito e dirigido pela guarulhense Ingrid Novak, foram temas de debate após exibição que aconteceu no último sábado (25) no Salão de Artes do Adamastor. O evento de lançamento integra contrapartida e prestação de contas do projeto, contemplado pelo FunCultura com recursos da Lei Aldir Blanc.

Além de Ingrid, o evento de pré-estreia contou com as presenças do elenco do curta, os atores Viviane Clara, Lucas Branco e Felipe Ferracioli, e da equipe de produção Letícia Alves, Janaina Reis, Fernanda Campos e Ana Guerra, entre outros.

O curta aborda reflexões e debates acerca das violências veladas contra a mulher, que são aceitas e naturalizadas diariamente no convívio social.

“A inspiração para o curta surgiu do incômodo das mulheres em relação aos abusos cotidianos e das sutilezas do machismo. Em conversas com outras mulheres, recebi relatos muito parecidos uns com os outros, me identifiquei bastante com alguns deles, e essa somatória de ideias, de situações e experiências comuns resultaram nesse trabalho, que ficou incrivelmente satisfatório do ponto de vista do que foi idealizado”, explicou a diretora.

Para contemplar o edital do FunCultura, o projeto priorizou uma equipe com moradoras de Guarulhos. Com cenas filmadas em locações da cidade, como o Bosque Maia, Obrigada prima por uma equipe majoritariamente feminina, escolha que, segundo Ingrid, também objetivou o desenvolvimento profissional e pessoal das integrantes. “Falamos sobre um tema delicado, que só quem vive consegue abordar de forma próxima da realidade, então, faz muito sentido contar essa história com a colaboração de uma equipe formada por mulheres”, observou.

Primeiro filme da jovem cineasta de 26 anos, Obrigada conta a história de uma corredora, afastada do atletismo, que volta a treinar tentando superar o trauma que a fez abandonar a carreira. Abalada e visivelmente traumatizada com os acontecimentos, a atleta enfrenta dificuldades para lidar com as exigências de seu treinador, que surgem como obstáculos no percurso e influenciam a relação dos dois. Ao atingir o nível de máxima exaustão, a esportista se dá conta de que está só, apenas na presença de suas lembranças e fantasmas do passado.

“Fazer parte desse projeto, composto em sua maioria por mulheres, no qual tive a oportunidade de desempenhar um papel pela minha condição de mulher, que também vivencia essas situações de violência e não pela cor da minha pele, é parte de um processo de desenvolvimento e evolução artística importante para a minha profissão, para esse fazer diferente, essencial para a arte”, pontuou a atriz Viviane Clara, que interpreta a atleta.

A inscrição do filme em festivais nacionais e internacionais, de acordo com a diretora, objetiva garantir maior alcance do curta ao público. Por isso, visando ao ineditismo da obra, exigência em grande parte desses festivais, nesse primeiro momento o filme não ficará disponível para exibições.

Posso ajudar?