O cineasta Paulo Thiago morreu neste sábado, 5, após sofrer uma parada cardíaca. Ele estava internado no hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, desde 7 de maio, e sofria com uma doença hematológica. Ao longo de sua carreira, dirigiu diversos documentários e filmes sobre livros de grandes autores brasileiros, como Sagarana, o Duelo (1974), da obra de Guimarães Rosa, que chegou a ser indicado ao Urso de Ouro no 24º Festival Internacional de Berlim, e Policarpo Quaresma, Herói do Brasil (1998), inspirado no trabalho de Lima Barreto.
"A literatura tem sido uma certa obsessão da minha vida filmando. Mas, nos últimos anos, tenho caminhado mais para filmes inspirados em histórias reais. Não sei se esgotei o ciclo da literatura do cinema", analisava, em entrevista ao canal Tutaméia em 2019.
Entre outras das produções de Paulo Thiago, estão Poeta de Sete Faces (2002), que abordou a vida Carlos Drummond de Andrade, Vagas para Moças de Fino Trato (1993) e O Vestido (2003). Aos 14 anos de idade, encantou-se com a Bossa Nova ao ouvir Chega de Saudade, de João Gilberto, e passou a frequentar shows e também a estudar violão, tendo aulas com Roberto Menescal. A paixão pelo gênero rendeu Coisa Mais Linda – História e Casos da Bossa Nova (2005), um de seus últimos trabalhos lançados.
Paulo Thiago ainda foi produtor de obras marcantes como O Bom Burguês (1982), de Oswaldo Caldeira, Beijo na Boca (1981), de Paulo Sérgio Almeida e Engraçadinha (1981), de Haroldo Barbosa. Por seu primeiro filme, Os Senhores da Terra, recebeu o prêmio da FIPRESCI.
No passado, chegou a presidir o Sindicato da Indústria Cinematográfica e Audiovisual do Rio de Janeiro (Sicav) e a Associação Brasileira de Produtores Cinematográficos. Também esteve entre os fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas.
O velório de Paulo Thiago ocorre neste sábado, 5, e será restrito a seus familiares. O cineasta deixa a mulher, Gláucia Camargos, produtora, e seus filhos Pedro Antonio, que também é cineasta, e Paulo Francisco, também músico.
Entre seus projetos que estavam em andamento constavam Rabo de Foguete, sobre o exílio de Ferreira Gullar na Argentina, e o projeto de um documentário sobre a história do grupo MPB-4, anunciado ano passado. Em ambos os casos, sua mulher, Glaucia Camargos, trabalhava na parte da produção das obras.