O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) defendeu nesta segunda-feira, 24, a realização de plebiscitos para consultar a população sobre reformas propostas por seu governo, se eleito. O pedetista afirma querer impedir o que chamou de “negociações de gabinete” e a aprovação de textos por meio de práticas de “toma lá, dá cá”.
Segundo o presidenciável, essa é a linguagem dominante no governo atual, mencionando o pacto firmado pelo presidente Jair Bolsonaro com o Centrão – o que, segundo ele, ocorre graças à herança petista. “Vou levar as reformas a voto direto do povo brasileiro, para que a maioria possa ganhar contra uma minoria poderosa que domina o Brasil”, afirmou à <i>Rádio Bandeirantes</i>, mas sem mencionar que terá de obter aval do Congresso para levar adiante qualquer tipo de consulta popular.
Plebiscitos são raros na história democrática recente brasileira. O último ocorreu em 1993, quando a população foi chamada para decidir que tipo de governo deveria ser adotado no País – monarquia parlamentar ou República e parlamentarismo ou presidencialismo. O resultado manteve o sistema atual presidencialista.
Ciro também condenou a reeleição para o cargo de chefe do Executivo e afirmou que pretende propor o fim do dispositivo em prol da aprovação das reformas – medida que também deverá passar pelo Congresso. Ele classificou a tomada de decisões com a intenção de se reeleger como uma “tragédia” para o País.
“As reformas serão propostas todas no primeiro semestre, e eu vou oferecer aos políticos o fim da minha própria reeleição para que eles não tenham medo de que, acertando a mão, eu queira ser beneficiado por uma reeleição, que é uma tragédia no Brasil”, disse.
<b> Acordão </b>
O pedetista insinuou a existência de um “acordão” entre Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, com intermediação do ex-presidente Michel Temer, para que ambos baixassem o tom um contra o outro e, assim, diminuíssem as chances de sucesso da “terceira via”. O ex-ministro disse acreditar que Lula e Bolsonaro compartilham da interpretação de que só vencerão as eleições se disputarem um contra o outro. “Sabe aquela visita do Temer ao Bolsonaro após o Sete de Setembro? Antes, Temer se acertou com Lula”, afirmou. “O Lula está combinando com Bolsonaro de os dois não irem aos debates para que o povo brasileiro vote no escuro”.
Ciro rompeu definitivamente com as lideranças do PT em outubro do ano passado, quando disse ao <b>Estadão</b> que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria conspirado pelo impeachment de Dilma Rousseff. Na entrevista desta segunda-feira, Ciro reforçou a acusação, apontando a aproximação do presidenciável petista com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que presidia o Senado na ocasião do impedimento.
O presidenciável também atacou a candidatura do ex-juiz Sérgio Moro. Ele acusou o pré-candidato do Podemos de corrupção passiva por, segundo ele, ter aceitado a vaga de ministro no governo Bolsonaro com a intenção de ser indicado pelo presidente para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ciro também acusou Moro de obter vantagem indevida ao ser contratado pela consultoria americana Alvarez & Marsal, responsável pelo processo de recuperação judicial da Odebrecht, construtora envolvida em condenações da Lava Jato.