Renata Esperança tem 30 anos e há três trava uma batalha com o seu plano de saúde para conseguir uma videolaparoscopia (cirurgia bariátrica por vídeo) para redução de estômago. No final de 2008, com 96 quilos em 1,55 metro de altura, a assistente de vendas procurou informações com a empresa médica e foi informada de que precisaria perder 10% do peso e passar por consultas com uma equipe multidisciplinar para que a cirurgia fosse aprovada. "Mas as visitas à psicóloga só duravam dez minutos e, para mim, é impossível diagnosticar algo em tão curto espaço de tempo", relatou.
Atualmente com 116 quilos, Renata sofre com problemas de coluna, respiração, apneia do sono e depressão. "Isso é muito desgastante e a sensação de revolta é enorme". Mas a assistente de vendas já pode requerer a sua cirurgia junto ao convênio médico. Entrou em vigor em 1º de janeiro uma resolução da Agência Nacional de Saúde (ANS) que torna obrigatória a cobertura para a cirurgia bariátrica realizada por vídeo, técnica minimamente invasiva. "Essa será minha primeira opção, tendo em vista que ainda não tenho filhos".
Pessoas com IMC acima de 40 são candidatas à cirurgia
De acordo com o cirurgião bariátrico Roberto Rizzi, desde 1991 o Sistema de Saúde Americano instaurou que pessoas com o Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 são candidatos a cirurgia, pois apenas a reeducação alimentar e exercícios físicos não surtem efeito. "Estatisticamente é muito difícil que essa pessoa tenha resultados sem intervenção, por isso a cirurgia é recomendada". Pacientes com IMC entre 35 e 40 também podem optar pela videolaparoscopia caso apresentem sintomas de pressão alta, diabetes, problemas cardíacos, apneia do sono e dores articulares.
Ainda segundo Rizzi, a negativa dos planos de saúde em relação a videolaparoscopia se dá por conta dos custos com o paciente. "A cirurgia por vídeo custa até o triplo da cirurgia comum". Porém, o custo benefício de uma intervenção cirúrgica por vídeo seria muito maior, já que a recuperação do paciente é mais rápida e o tempo de internação e riscos de infecções diminuem consideravelmente. Um estudo realizado por uma universidade do Canadá revelou que a cirurgia bariátrica por vídeolaparoscopia reduz em até 90% o risco de infecções e hérnias comparada ao procedimento comum.
Para Renata Esperança, com a resolução da ANS, mais os benefícios da cirurgia, sua saga terá fim. "Espero, sinceramente, que agora possa haver uma solução já que existe pressão, o pior é saber que sem isso, eu poderia esperar por muito mais tempo", finalizou.
Benefícios da cirurgia feita por vídeo
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Menor incidência de complicações relacionadas à parede abdominal;
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Retorno rápido às atividades;
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Menos dor;
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Menor incidência de complicações pulmonares;
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Melhor resultado estético;
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O tempo de internação é menor, o paciente desocupa um leito que pode ser usado por quem realmente esteja precisando;
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Melhor respiração
"Minha autoestima está gritando"
Entre os principais motivos que fizeram Fabiana Rodrigues de Rezende, 30 anos, procurar ajuda estavam a saúde do seu fígado e da sua coluna. Após ter engordado 35 quilos em três anos, a assistente administrativa se viu com esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado) e dores nas vértebras, além de enfrentar obstáculos que muitos gordinhos enfrentam como subir escadas, amarrar os próprios sapatos e fazer qualquer tipo de exercício físico. "Mas o preconceito foi o maior motivo. Muito se diz sobre ‘gordinhos felizes, moda plus size, isso é tudo ilusão. Sofremos preconceito sim e a maioria das lojas que vendem tamanhos especiais cobram caríssimo pelas roupas".
Sem problemas para autorizar a cirurgia bariátrica por vídeo, Fabiana conseguiu se submeter ao procedimento em dois meses. Nesse período, se consultou com endocrinologista, cardiologista e ortopedista, além de ser atendida por uma equipe multidisciplinar de fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga e palestrantes. "Assim que peguei os laudos e exames a clínica encaminhou para o convênio e em quatro dias úteis autorizaram a cirurgia".
Após a cirurgia, o paciente passa por uma dieta líquida que dura, aproximadamente, um mês. Água, suco de laranja lima, água de coco, chá, caldos, devem ser consumidos em intervalos de 20 minutos. Fome Fabiana jura que não passou, mas admite "o difícil foi ficar sem mastigar". De acordo com o cirurgião bariátrico Roberto Rizzi, o paciente não sente fome porque após a cirurgia o organismo libera hormônios que inibem o apetite. "Após a cirurgia o paciente deve encontrar outras fontes de prazer que não estejam aliados ao alimento".
Cinco meses após o procedimento 33 quilos já foram eliminados e o IMC que era de 41,2 passou para 29,4. "Minha vida está maravilhosa, consigo subir escadas sem me cansar, consigo calçar meus próprios sapatos e cruzar as pernas. Minha auto estima está gritando", comemorou.
Para incentivar outras pessoas que precisam do procedimento, mas têm receio, ou simplesmente para servir de inspiração, Fabiana criou um blog na internet onde relata toda a sua experiência. Com o título de "um mês antes e uma vida inteira depois", ela revela todo o processo – exames pré-operatórios, detalhes da dieta, cirurgia, metas atingidas – e também momentos de ansiedade, tristezas e alegrias. "Antes de operar pesquisei casos na internet e vi de tudo, fotos, vídeos de pessoas com depoimentos e também muitos blogs e foi depois disso que tomei coragem para procurar ajuda, por isso decidi fazer uma página, para ajudar outras pessoas", finalizou. O endereço eletrônico do blog da Fabiana é reducaodeestomago-eufiz.blogspot.com.