Economia

Citi: conta corrente pode melhorar com real depreciado

O resultado da conta corrente em 2015 vai se beneficiar com dois movimentos previstos para a economia no ano que vem, na avaliação do superintendente do Departamento Econômico do Citi Brasil, Marcelo Kfoury. O ritmo desacelerado da atividade econômica no Brasil tende a reduzir a remessa de lucros para o exterior, contribuindo para amenizar um possível déficit. Somada a isso, a prevista depreciação do real favorecerá as exportações brasileiras e encarecerá as importações.

“Se realmente o Brasil encontrar problemas de crescimento em 2015, haverá um ajuste automático na conta corrente, decorrente da menor remessa de lucros para o exterior, da possível redução das viagens de brasileiros para fora e também da depreciação do real”, diz Kfoury.

O departamento de economia do Citi Brasil projeta um déficit em conta corrente em 2015 de US$ 87 bilhões. Nos 12 meses encerrados em novembro deste ano, o saldo está negativo em US$ 88,659 bilhões, o equivalente a 4,05% do PIB. Para dezembro do ano que vem, o departamento projeta o dólar cotado a R$ 2,96. A projeção do Citi Brasil para a balança comercial é de um superávit de US$ 1 bilhão.

O superintendente no Citi Brasil afirma que espera uma tênue desaceleração no fluxo de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no ano que vem. A projeção é de um IED de, aproximadamente, US$ 60 bilhões. No acumulado do ano até o mês passado, o IED somou US$ 55,845 bilhões, o equivalente a 2,78% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, o IED acumulado era de US$ 57,520 bilhões (2,79% o PIB). Nos 12 meses encerrados até novembro, o IED está em US$ 62,321 bilhões, o que corresponde a 2,85% do PIB, segundo os dados divulgados do BC.

A possível redução no volume do IED é preocupante porque a poupança doméstica não tem crescido como necessário. No caso do setor público, tem, inclusive, caído. O resultado primário caiu de algo perto de 3% para zero em 2014. A não recomposição da poupança doméstica e uma queda no IED podem inviabilizar a expansão dos investimentos nos próximos anos, na avaliação de Kfoury.

O economista acrescenta que o déficit em conta corrente de 3,98% do PIB no ano até novembro é menos preocupante que o déficit fiscal. “É menos problemático porque ele tem um estabilizador natural que é o câmbio. Já o déficit fiscal exige um esforço de redução de despesa e aumento de receita para ser reduzido”, diz. “Além do mais, um déficit em conta corrente de até 4% do PIB ainda tem indicação de sinal verde”, diz.

Uma das maiores contribuições para o resultado negativo no balanço de pagamentos no mês e no ano foi a balança comercial. Em novembro, o saldo entre exportações e importações foi deficitário em US$ 2,351 bilhões. Kfoury lembra que a balança brasileira não tem reagido positivamente à forte depreciação do real porque caem os preços das commodities no mercado internacional. Do início do ano até hoje, a moeda americana registra uma valorização de 12,44%, segundo os dados do ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

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