O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina avançou de 81,2 pontos no segundo trimestre de 2021 para 99,7 pontos no terceiro trimestre. O resultado é o mais elevado desde o primeiro trimestre de 2018, quando estava em 101,5 pontos, e se aproxima novamente da zona de neutralidade de 100 pontos, apontou o levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
"Além da evolução do clima econômico na região, a Sondagem da América Latina traz neste trimestre três enquetes especiais sobre fatores que vêm influenciando as perspectivas da região. A primeira se refere ao abastecimento de insumos e matérias primas, no qual o Brasil se destaca como o país que mais tem sido afetado pelo problema. A segunda ao tempo de regularização do abastecimento. Em quase todos os países, os especialistas acham que a questão será resolvida até o 1º semestre de 2022. A terceira enquete se refere ao tempo de duração da alta de preços das commodities. Nesse caso, domina a percepção que só teremos mais um ano de preços elevados", observou a FGV, em nota.
O Indicador da Situação Atual (ISA) subiu 30,9 pontos, para 59,1 pontos, patamar ainda extremamente baixo. O Indicador de Expectativas (IE) caiu 5,4 pontos, para 150,6 pontos, permanecendo na zona favorável.
"É possível supor que o pequeno recuo no IE esteja associado com incertezas sobre os efeitos das novas cepas da covid. Ao mesmo tempo a melhora no ISA, embora ainda insuficiente para a região entrar na zona favorável, pode ser explicada pelo cenário internacional mais favorável e o avanço da imunização da população na região, ainda que irregular", justificou a FGV.
<b>Brasil</b>
O Clima Econômico no Brasil subiu 34,3 pontos na passagem do segundo trimestre para o terceiro trimestre, para o patamar de 116,5 pontos. O Indicador de Situação Atual avançou 51,6 pontos, para 69,2 pontos, enquanto o Indicador de Expectativas encolheu 5,5 pontos, para 176,9 pontos.
Todos os países investigados registraram melhora no ICE, sendo a maior variação a registrada pelo Brasil. O Paraguai tem o maior patamar de ICE, 125,1 pontos, seguido pelo Brasil, Chile (104,1 pontos), Peru (102,0 pontos) e Colômbia (101,1 pontos), todos na zona favorável do índice. O menor indicador é o da Argentina, aos 60,3 pontos.
Quanto aos quesitos especiais incluídos na sondagem no terceiro trimestre, cerca de 25% dos especialistas consideram que o problema de desabastecimento de insumos e/ou matérias-primas é grave. O Brasil é o país com maior porcentual nesse quesito (46,2%), seguido da Colômbia (29,4%).
"Ressalta-se que quanto maior, mais diversificado e internacionalizado o parque produtivo, maior a probabilidade de o desabastecimento estar presente. Nesse caso, o México deve se beneficiar da proximidade e das relações intrafirmas e intrassetoriais com os Estados Unidos", apontou a FGV.
Quanto ao tempo estimado para que a situação de desabastecimento se regularize, em média, 22,9% dos especialistas esperam que o problema esteja sanado no primeiro semestre de 2022, enquanto 32,9% preveem que esteja solucionado ainda no quarto trimestre de 2021.
A maioria dos especialistas (58,5%) estima mais um ano de preços altos de commodities, enquanto 23% acreditam que o atual ciclo de alta se estenda até o final de 2021.
"Não seria então um superciclo de altos preços das commodities como o ocorrido anteriormente. Em relação ao Brasil, 76,9% dos especialistas acham que dura mais um ano e porcentuais acima de 50% também foram registrados na Colômbia e no México", apontou a FGV, lembrando que "o aumento no preço das commodities é um fator importante para a melhora da renda nos países exportadores da região".