O ex-presidente do Estados Unidos Bill Clinton afirmou que “o navio do Brasil não está afundando” e pediu que brasileiros olhassem para o longo prazo. No encerramento do Encontro Nacional da Indústria, realizado em Brasília pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Clinton tentou resgatar a confiança do empresariado, apontando que o País passa por um momento difícil, mas que, em cinco anos, eles se perguntarão por que estavam tão preocupados.
“Mesmo com a crise política, há mais coisa boa aqui do que ruim. E o mundo precisa que o Brasil tenha êxito”, afirmou. Clinton disse ainda que “todo americano tem interesse em ver o sucesso político e econômico do Brasil” e afirmou que o Estados Unidos precisam que seu maior parceiro político se consolide nas Américas.
Bem-humorado, o ex-presidente brincou com a plateia e disse que só foi convidado porque, infelizmente, sua esposa Hillary Clinton, pré-candidata do Democratas à presidência dos Estados Unidos, não poderia vir. Clinton também saudou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula. “Foi um grande prazer para mim ser um presidente na década de 90 e trabalhar com FHC, ver o nascimento do programa Bolsa Escola, que se expandiu com o presidente Lula e se transformou no Bolsa Família.”
Segundo Clinton, assim como a Europa enfrenta o desafio da imigração, o Brasil enfrenta a queda na demanda. “A diminuição da demanda da China é o desafio do momento. Sabemos que o Brasil depende muito das exportações e que sofre com a queda nos preços do petróleo e das commodities. Os chineses não vão mais poder comprar tanto do Brasil.”
Por outro lado, o ex-presidente destacou conquistas que ocorreram no País nas últimas décadas. “Vejam a amplitude do desenvolvimento econômico e social, vejam o sucesso que o Brasil teve em conter a destruição da Amazônia, o êxito na política energética e na condução política como um todo.” E pediu que os empresários tenham foco no contexto geral. “É natural que fatos negativos dominem as manchetes, mas o futuro é mais ligado às tendências de longo prazo.”
O ex-presidente norte-americano também comentou a questão política nacional e o embate travado pelo governo com o Congresso, mas evitou tocar no nome da presidente Dilma Rousseff. “O Brasil e outros países, como a Índia, passam pelas mesmas dificuldades, em que as reformas da presidente têm sido impedidas pelo parlamento.” Ele afirmou que as políticas para conter a crise de 2008 foram levadas para um caminho “distorcido”, mas elogiou o esforço do País em tornar seu sistema político mais limpo.