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Clube do Choro, depois de denúncia, volta à ativa em SP

Depois de ter sua programação ameaçada de ser suspensa por falta de verbas da Prefeitura, o Clube do Choro retoma sua programação a partir de hoje. Ao ser entrevistado pela Rádio Eldorado e pelo jornal O Estado de S. Paulo no mês de junho, o prefeito Fernando Haddad afirmou, ao vivo, não saber que o mesmo Clube que ele havia criado há quase um ano estava em apuros. “Ele não vai fechar”, prometeu durante a entrevista à rádio. “O senhor tem algumas testemunhas”, rebateu o repórter.

O Teatro Arthur de Azevedo, na Mooca, passou a sediar o Clube do Choro depois de uma série de encontros entre o prefeito e os músicos sobretudo da comunidade do choro da cidade. São Paulo, entenderam, merecia uma casa para o gênero, já que até no Japão o choro possui uma sede própria. O teatro passou então a ter o primeiro final de semana do mês e as tardes de sábado reservados ao ritmo, com apresentações gratuitas de atrações relevantes da música brasileira. Quase um ano depois, fontes ligadas à administração da casa, revelaram que a verba não estava sendo repassada e que o Clube estava com os dias contados.

A secretária de Cultura da cidade, Maria do Rosário Ramalho, não respondeu diretamente à questão sobre os motivos que teriam levado ao quase fechamento do Clube, mas exaltou o gênero na retomada do projeto. “Ao incorporar o choro em sua programação regular, inserido no programa Circuito Municipal de Cultura, a Secretaria reconheceu a sua importância como gênero de música instrumental tipicamente brasileiro. No segundo semestre de 2015, assim como no primeiro semestre deste ano, o investimento na programação do Clube do Choro foi de R$ 200 mil por semestre.” Ela explica que, em julho, o Circuito teve sua edição especial de férias com foco na programação infantojuvenil. “Mas ele foi retomado no segundo semestre com programação diversa.”

Yves Finzetto, músico responsável pelo Clube, afirma que a programação está agora garantida até o final do ano. “O prefeito se engajou, me ligou e garantiu isso.”

A retomada da programação vem com força. Hoje, a partir das 21h, o Clube vai receber o premiado Trio Corrente, o grupo instrumental brasileiro vencedor de dois Grammy, que vai trazer a linguagem do choro no inusual formato de trio (Fabio Torres ao piano, Paulo Paulelli no contrabaixo acústico e Edu Ribeiro na bateria). Uma novidade são os workshops. O mesmo Trio Corrente faz também amanhã, às 17h, uma palestra sobre o gênero tocado por instrumentos nada familiares ao choro, como a bateria e o contrabaixo. Outros workshops já agendados serão com o violonista Edmilson Capelupi, sobre a força das seis cordas no choro (dia 17), e com a dupla de importantes instrumentistas, o clarinetista Proveta e o violonista Alessando Penezzi. Apesar da atração extra, também gratuita, Finzetto diz que continua trabalhando com a mesma verba que contou para abrir a temporada de 2015. As rodas de choro, feitas nas tardes de sábado, também estão garantidas. Depois da estreia com o Trio Corrente, o final de semana segue com o Quarteto Pizindim, às 21h de sábado, e com o Choro Marginal, no domingo, às 19h.

O choro perdeu espaço na última Virada Cultural. Na edição de 2015, ele teve um palco de muito sucesso erguido na Praça Patriarca, quando artistas se revezaram durante 24 horas na única experiência ininterrupta do evento. Já em 2016, o choro acabou dividindo espaços com a música instrumental no Palco Copan. A secretaria de Cultura, no entanto, reafirma que o choro ganhou projeção na programação cultural de São Paulo. Em abril, o projeto A Hora do Choro comemorou o Dia Nacional do Choro com sete apresentações simultâneas. O Choro no Mercadão levou grupos para apresentação no local aos domingos. E o Chorinho no Terraço foi outro projeto com chorões na Biblioteca Mário de Andrade.

CLUBE DO CHORO
Teatro Arthur de Azevedo.
Av. Paes de Barros, 955, Mooca. Trio Corrente. Hoje, às 21h.
Tel. 2605-8007. Entrada franca

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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