Os clubes que disputam o Campeonato Paulista aceitam a possibilidade de jogar as partidas restantes da competição em outro Estado. Os 16 participantes do torneio e mais a Federação Paulista de Futebol (FPF) participaram de reunião virtual nesta quinta-feira para discutir soluções no calendário após o governo estadual anunciar que do dia 15 até 30 de março estão suspensas atividades esportivas coletivas por causa da pandemia. A conversa terminou com a seguinte conclusão: o Estadual vai manter o calendário e terminar em 23 de maio, mesmo que isso signifique disputar os compromissos fora de São Paulo.
Ao fim do encontro, a FPF divulgou nota oficial em que revelou ter agendado para segunda-feira de manhã uma nova reunião com o governo do Estado e o Ministério Público (MP) para tratar do assunto. Os dirigentes não querem suspender o calendário de competições e defendem que o futebol não é uma atividade de risco por causa da frequência da realização de testes nos jogadores e funcionários. Após esse encontro, uma nova reunião na segunda à tarde entre os clubes servirá para agendar a sequência da tabela.
O primeiro ponto a ser discutido entre a FPF e as autoridades é se os times estão liberados para treinar. A partir de segunda-feira entra em vigor a fase de emergência aplicada pelo governo estadual, com a restrição a atividades coletivas. No entanto, as equipes querem manter a rotina de trabalhos por terem compromissos válidos por competições nacionais. Um exemplo é o Corinthians, que na semana que vem enfrenta o Salgueiro, em Pernambuco, pela Copa do Brasil.
Em contato com o Estadão, o presidente do Santo André, Sidney Riquetto, afirmou que os times foram unânimes na decisão de que o Campeonato Paulista não pode ser paralisado. "A ideia é manter as atividades. Se não puder fazer em São Paulo, vamos nos deslocar e treinar fora, em outro Estado. Se tiver de ser em Minas, Rio, Norte do Paraná, Goiás ou Mato Grosso do Sul, não importa. Nós iremos", afirmou o dirigente.
Segundo Riquetto, as equipes estão coesas na posição de que o Paulista tem de cumprir calendário e terminar em 23 de maio para não atrasar o início do Campeonato Brasileiro. "Se nós tivermos de pegar nosso elenco e ficar treinando longe de São Paulo será uma despesa tremenda. Mas um prejuízo ainda maior é interromper ou não ter mais o campeonato", disse o dirigente.
Nos bastidores, as equipes consideram que podem conseguir mais condições favoráveis porque ficaram satisfeitas com uma decisão. A postura do governo estadual de manter a rodada do próximo fim de semana e só aplicar a suspensão a partir de segunda-feira foi interpretada pelos dirigentes como uma vitória. Agora, eles querem na segunda-feira mostrar na reunião que o futebol tem condições de continuar, ao menos que seja com os times autorizados para treinar.
"O Ministério Público e as autoridades precisam entender que o futebol não colabora para a disseminação do vírus. O protocolo que existe no Campeonato Paulista tem de ser seguido como um exemplo, e não visto como uma ameaça", afirmou o presidente do Santo André. Em nota, a FPF reforçou que desde o ano passado, fez 35 mil testes árbitros, atletas, profissionais e funcionários de clubes. A entidade defende que o futebol é um ambiente seguro.