Fundada em 1851, no Estado de Nova York, nos EUA, a Western Union começou a trabalhar com serviços de remessas de dinheiro há mais de 150 anos, em 1871. Desde então, tornou-se uma gigante global conhecida especialmente em países onde há um grande número de migrantes, que recebem ou enviam dinheiro para parentes vivendo no exterior. É por isso, por exemplo, que a empresa é forte tanto nos EUA quanto no México, mas tem presença mais discreta no Brasil, onde o total de imigrantes é relativamente baixo.
A companhia também é muito forte na Argentina – mas por outra razão, conforme explica Ricardo Amaral, presidente da Western Union Brasil. A Western Union, por lá, adquiriu um conhecido serviço de pagamentos, o Pago Fácil, há cerca de 15 anos. Enquanto a companhia americana tem relativamente poucas unidades no Brasil – são cerca de dez, em São Paulo, por exemplo -, a situação é bem diferente no país vizinho: por lá, a empresa conta com 5 mil pontos de atendimento, de grandes lojas próprias a guichês em quiosques e em supermercados como o Carrefour, por exemplo.
Além disso, enquanto no Brasil o principal serviço da Western Union é o câmbio, na Argentina, a companhia atende tanto às remessas de dinheiro quanto ao pagamento de contas, um fluxo que a companhia herdou da Pago Fácil.
A recente "descoberta" da companhia pelo brasileiro como uma possibilidade de fazer câmbio na Argentina foi auxiliada pela possibilidade de pagamento via Pix e também pelo fato de a empresa americana oferecer um câmbio vantajoso ao viajante.
<b>A razão da vantagem</b>
Ao contrário do que ocorre no Brasil – e também na maioria dos destinos internacionais -, o valor do peso em relação a outras moedas pode variar muito na Argentina. Conforme explicou o <b>Estadão</b> na semana passada, o câmbio argentino vai muito além do oficial, paralelo e turismo. Como a economia do país passou por muitas crises, foram criadas cotações para diversos segmentos, como "soja", "indústria" ou "vinho". Logo, dependendo do câmbio utilizado, o valor da cotação pode variar bastante.
No caso da Western Union, explica Amaral, o câmbio utilizado é o chamado blue chip swap, que é o destinado a transações correntes na Argentina – ou seja, reflete um valor real da moeda americana, no dia da definição da troca, e não um número fixado pelo governo, como ocorre no caso do câmbio oficial.
É por essa razão que, enquanto R$ 1 vale cerca de 24 pesos pela cotação do governo, a Western Union pagava, no início desta semana, cerca de 56 pesos para cada R$ 1.
<b>Reforço pelo pix</b>
A possibilidade de realizar o câmbio pelo aplicativo, via Pix, fez crescer, segundo o presidente da Western Union Brasil, o uso do serviço por brasileiros – ele evita dar números sobre o aumento no total de transações e afirma que a propaganda boca a boca do produto foi "totalmente orgânica".
Quando a transferência é feita via o sistema de transferências do BC, segundo ele, o dinheiro fica disponível no sistema da Western Union em questão de minutos. "Nosso serviço está presente em 200 países. É possível fazer um Pix e, logo depois, resgatar o dinheiro em moeda local da Albânia, que foi algo que eu já fiz", diz Amaral.
Para realizar o pagamento, explica o executivo, a companhia usa dois dados: o nome completo do beneficiário e o número de transferência internacional gerado pelo sistema da companhia. Por isso, é necessário que o nome completo da pessoa que vai receber o dinheiro esteja escrito conforme no documento de identificação apresentado. "Se a pessoa tiver um nome muito comprido, como D. Pedro I, é necessário escrever o nome todo", brinca o executivo.
<b>Novas medidas de câmbio no país devem favorecer os turistas</b>
A Argentina anunciou medidas para incentivar turistas estrangeiros a liquidar seus dólares no mercado formal do país, a uma taxa próxima aos valores cotados nos mercados paralelos. A instabilidade econômica do país tem feito as taxas para o peso baterem recordes históricos nos últimos dias. Neste cenário, estrangeiros terão acesso a uma cotação especial que valerá para até US$ 5 mil dólares por mês, ou o equivalente em outras moedas.
Em comunicado, o Banco Central da República Argentina (BCRA) indicou que as entidades responsáveis pela transação cambial deverão identificar os turistas não residentes por meio de comprovação com documentos.
Há algumas semanas, o país instaurou uma medida que elevou um imposto que incide sobre operações em moeda estrangeira, no chamado "dólar turismo". A cotação nestes casos a ser aplicada é conhecida localmente como "dólar MEP".
Segundo estimativas do governo argentino, até este momento, em 2022, os turistas gastaram US$ 1,4 bilhão no país, mas apenas 16% desse valor foi trocado no mercado formal, informa o jornal <i>La Nación</i>.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>