Indicado ao cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, defendeu nesta terça-feira, 5, o sistema de câmbio flutuante e disse que é "a primeira linha de defesa" contra choques internacionais. "Defendo essa condução", afirmou, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Questionado sobre o nível de reservas internacionais mantido pelo Brasil, Guillen acrescentou que elas contribuem como uma "segunda linha" de defesa para choques internacionais. "Reservas sempre envolvem um entendimento de qual é o nível ótimo, mas, comparado com experiência internacional, o nível atual parece apropriado", afirmou. "Reservas podem parecer excessivas em bons momentos, mas são apropriadas como seguro."
Ele defendeu ainda a autonomia do Banco Central citando que a literatura acadêmica tem mostrado que é benéfica. "Literatura mostra que é benéfico desvincular ciclo econômico do político", completou. "O regime de metas de inflação contribui para ancoragem de expectativas, por meio do juro."
<b>Controle da inflação</b>
Guillen disse ainda que a manutenção de uma inflação baixa exige "monitoramento constante e atento". Em sua fala inicial, ele apresentou o currículo e ressaltou que atingir uma inflação baixa e estável ao longo do tempo é parte da missão do Banco Central."A manutenção, ao longo do tempo, de uma inflação baixa exige monitoramento constante e atento, associado a uma comunicação eficaz, para a melhor tomada de decisões", afirmou. "Tão somente com essa postura é que manteremos a inflação baixa e estável e reduziremos os riscos futuros da inflação, proporcionando também uma redução estrutural da taxa de juros."
O indicado destacou ainda que o Banco Central deve manter o bom funcionamento do sistema financeiro para garantir a "intermediação eficiente de recursos, assim como gerenciar adequadamente e mitigar os riscos".
<b>Sinais do BC</b>
Guillen afirmou também que o Banco Central tem apontado inflação próxima à meta no "horizonte relevante". "No momento, o Banco Central tem como projeção inflação próxima da meta no horizonte relevante de política monetária. Esse é o objetivo principal, atingimento de inflação baixa, estável e previsível", comentou.
<b>Atuação do BC na pandemia</b>
Questionado pelos senadores sobre a atuação do BC na pandemia, ele ressaltou que a autoridade monetária brasileira foi uma das primeiras e uma das mais agressivas na subida de juros no ano passado. "Uma confluência de fatores levou a uma inflação mais alta, como a mudança na cesta de consumo na pandemia e gargalos de produção", ponderou. "Guerra e inflação internacional também têm contribuído com inflação mais alta."