A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,25% ao ano, foi considerada "compreensível" pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas "insuficiente" para impedir a queda da atividade econômica.
"A queda da Selic não é suficiente para impedir custos adicionais e desnecessários em termos de atividade econômica. Tenho a plena convicção de que a queda de juros não está na velocidade que nós precisamos. Na verdade, estamos em uma armadilha, porque a nossa taxa Selic atingiu um patamar bastante desestimulante. Entendo que não é possível fazer uma queda abrupta, mas o Banco Central poderia ser um pouco mais desafiador e ter iniciado uma redução mais acelerada", afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban. A expectativa do executivo é de que, mantido o cenário de controle de inflação, sejam realizados novos e mais intensos cortes nas próximas reuniões.
O presidente da CNI destaca que, mesmo com as reduções na Selic realizadas em agosto e setembro, a taxa de juros real está em 8,5% ao ano, 4 pontos porcentuais acima da taxa de juros neutra, "aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica". "Isso deixa claro o quão contracionista tem sido a política monetária brasileira e que o patamar da Selic ainda é excessivo para o cenário de inflação corrente, assim como para a perspectiva de inflação futura", afirma Alban.
A CNI ressalta ainda que o "cenário de crédito está bastante prejudicado", com retração de 6,4% em termos reais nas concessões às empresas nos oito primeiros meses de 2023. "Na atividade econômica, os resultados também são preocupantes. A produção da indústria de transformação teve queda de 1,2%, na comparação de janeiro a setembro de 2023 com o mesmo período de 2022. No setor de Serviços, já há sinais de desaceleração: no bimestre encerrado em agosto houve estabilidade, enquanto no bimestre encerrado em junho tinha ocorrido alta de 0,6%."
A entidade lembra que as expectativas de inflação seguem apontando para um cenário mais positivo, de acordo com as previsões do Relatório Focus, do Banco Central. "Todos esses fatores justificam uma intensificação dos cortes nas próximas reuniões".
Além da desaceleração da inflação corrente, as expectativas de inflação seguem apontando para um cenário mais positivo, conforme indica o Relatório Focus, do Banco Central. Para 2023, há expectativa de cumprimento da meta de inflação após dois anos, com as projeções em 4,63%, abaixo do teto da meta (4,75%). Para 2024, a inflação esperada está em 3,9%, apontando novamente para o cumprimento do regime de metas de inflação. Todos esses fatores justificam uma intensificação dos cortes nas próximas reuniões.