Estadão

CNI prevê que 2024 terá crescimento de 1,7% no PIB, inflação menor e queda da Selic a 9,25%

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou na manhã desta quinta-feira, 14, as projeções para a economia brasileira para este e o próximo ano. Entre os destaques, a CNI espera expansão da economia brasileira de 1,7% em 2024. Para a inflação, projeta manutenção da trajetória de queda, com o IPCA em 3,9% ao fim do ano que vem. "A manutenção desse cenário mais favorável permitirá a continuidade da sequência de cortes da Selic, de modo que a taxa deve terminar 2024 em 9,25% ao ano", considera.

Neste ano, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3%, o mesmo porcentual de 2022. Para a CNI, o resultado é positivo, mas o crescimento de 2023 não dá início a um novo ciclo de desenvolvimento. Para os analistas, o PIB atual foi construído sobre fatores conjunturais excepcionais, como o expressivo crescimento do PIB da agropecuária, e com queda dos investimentos produtivos.

O consumo das famílias deve crescer 2,6% e o investimento vai recuar 3,5% neste ano. A expectativa é de que a taxa de investimento, que é a relação entre a formação bruta de capital fixo e o PIB, deve cair para 18,1%, ante 19,3%, em 2022. Segundo a CNI, essa queda no investimento vai impedir um melhor desempenho nos próximos anos. Por isso, considera que o País precisa de uma estratégia de médio e longo prazo para sustentar taxas de crescimento iguais ou superiores a 20% do PIB. Para 2024 a taxa de investimento passará a 17,9%.

"Devemos unir esforços em favor da neoindustrialização. Com um setor industrial mais inovador, dinâmico e competitivo, o Brasil poderá crescer de forma vigorosa e sustentável e gerar a renda e os empregos necessários para melhorar a qualidade de vida da população", diz o presidente da CNI, Ricardo Alban. "Precisamos promover o encadeamento da produção nacional para sermos mais competitivos e avançar na digitalização para aumentarmos a produtividade."

A expectativa para o próximo ano é de que o mercado de trabalho não deverá repetir o crescimento de 2023. A previsão é de alta de 2,9% na massa salarial em 2024 ante a alta de 6,4%, neste ano. Isso se deve ao fato de que, para 2024, a CNI projeta um crescimento menor do número de pessoas ocupadas. Ocorre que, na avaliação, os efeitos da política monetária de juros altos serão sentidos de forma negativa no emprego ainda no fim deste ano.

A CNI também prevê que o cenário econômico internacional será pouco favorável, o que deve impedir novos aumentos históricos no saldo positivo da balança comercial. Neste ano, o saldo recorde decorre dos volumes exportados de produtos agropecuários, principalmente soja e milho, e da indústria extrativa, principalmente petróleo e minério de ferro.

<b>Indústria de transformação e construção</b>

O gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explica que a indústria de transformação e a indústria da construção deverão ter altas modestas, de 0,3% e 0,7%, respectivamente em 2024, e devem compensar as quedas deste ano. A indústria de transformação encerrará 2023 com queda de 0,7% e a indústria da construção vai recuar 0,6%, depois de dois anos de forte crescimento.

Segundo ele, a indústria de transformação continuará convivendo com cenários bastante heterogêneos entre os setores devido à diferença entre a política monetária, que inibe a atividade econômica, e a política fiscal, que a estimula. "Mas essa diferença de desempenho entre os setores mais sensíveis à renda e os mais sensíveis ao crédito deve se reduzir com os cortes da Selic", explica.

"Mas ao contrário do que ocorreu este ano, quando o consumo das famílias e o setor externo tiveram forte influência para o crescimento do PIB, em 2024, somente o consumo desempenhará esse papel. Ainda assim, com menos força", afirma Mário Sérgio Telles. A expectativa é de que o consumo das famílias cresça 1,8% em 2024.

<b>Indústria extrativa</b>

O PIB da indústria como um todo vai crescer 1,5% em 2023 na comparação com 2022. A indústria extrativa foi impulsionada pelo aumento da demanda externa, por petróleo e minério de ferro, e deve crescer 7,1% em 2023. Em 2024, o PIB da indústria extrativa deverá crescer 2%, sobretudo devido às maiores dificuldades nas exportações de minério de ferro.

Além disso, o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, que fazem parte do PIB industrial, vai encerrar o ano com alta de 5,5%. No próximo ano, o crescimento será menor, com previsão de alta de 2%.

<b>Setor agropecuário</b>

O setor agropecuário foi beneficiado pela redução relevante dos custos de produção, aliada à safra recorde, além de um setor externo que apresentou oportunidades e permitiu a conquista de novos mercados. Dessa forma, a expectativa é que o PIB agropecuário encerre 2023 com alta de 15,1%. No entanto, esse mesmo cenário não deve ser repetir no próximo ano. A previsão é de redução na safra de 2024 frente a de 2023, com crescimento de 0,2% do PIB do setor.

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