Em nota divulgada neste sábado, 24, o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e dos conselhos do SEST e do SENAT, Vander Costa, lamentou declarações dadas ontem pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. Segundo Costa, a afirmação de Sachsida de que é preciso "passar a faca" em recursos do Sistema S para financiar o programa de qualificação profissional para jovens de baixa renda mostra "total descolamento da realidade".
"Tais falas revelam total descolamento da realidade e desconhecimento do trabalho sério e comprometido com o interesse público realizado pelas instituições que compõem o Sistema S", diz Costa no texto, divulgado há pouco. "Ao propagar esse nível de desinformação, o secretário apresenta despreparo ímpar para ocupar um cargo de tamanha relevância."
Segundo a nota, um corte nos recursos do SEST SENAT prejudicaria milhões de trabalhadores, especialmente os caminhoneiros. As duas entidades são ligadas ao setor de transportes, sensível para o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os caminhoneiros formam uma das bases de apoio ao presidente desde antes de sua eleição, em 2018.
Ontem, durante live do jornal <i>Valor Econômico</i>, Sachsida afirmou que o Sistema S precisa contribuir financeiramente com o governo. Ele defendeu a transferência de R$ 6 bilhões das entidades para um novo programa do Planalto, voltado à qualificação profissional de jovens de baixa renda. "Estou pedindo R$ 6 bilhões deles. Minha posição é muito firme: nós temos de passar a faca no Sistema S, tem de tirar dinheiro deles para passar para o jovem carente", disse o secretário.
O Sistema S é formado por entidades administradas por associações patronais voltadas para o treinamento profissional, e parte de seus recursos vem de uma contribuição compulsória de 2,5% sobre a folha de pagamento pelas empresas brasileiras. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia defendido um corte nos recursos do Sistema.
Na nota divulgada hoje, Costa afirma que em 2020, mesmo com a queda na arrecadação causada pela pandemia da covid-19, o SEST SENAT prestou mais de 9 milhões de atendimentos gratuitos. "O desempenho e a qualidade de vida de milhões de trabalhadores do transporte estão diretamente ligados ao trabalho promovido pelo SEST SENAT", escreve.
Segundo Costa, as entidades estão dispostas a buscar junto ao governo alternativas para a retomada da economia e a geração de empregos. "Para isso, contudo, não precisamos de declarações intempestivas e sem fundamentação técnica. O que precisamos é de diálogo para estruturar soluções e respostas para a atual crise", diz.