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Coalizão de Macri recebe forte apoio em primária eleitoral na Argentina

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, recebeu uma mostra de apoio inesperadamente forte nas eleições primárias realizadas no domingo no país. O resultado representou ainda um revés para a ex-presidente Cristina Kirchner e seus planos de conseguir uma volta à cena política.

A primária realizada no país é na prática uma pesquisa nacional que pode indicar os resultados da eleição para o Legislativo, marcada para outubro. Com a maior parte dos votos contados, a coalizão Cambiemos, de Macri, caminhava para superar os oposicionistas em metade das 24 províncias da Argentina, entre elas Buenos Aires, onde a ex-presidente buscará uma vaga no Senado. A coalizão deve também conseguir cadeiras nas duas Casas do Congresso, onde atualmente nenhum partido ou coalizão tem uma maioria.

A votação de ontem deve ser avaliada positivamente por investidores, temerosos com a chance de uma grande vitória de Kirchner e de um apoio mais fraco às políticas pró-negócios de Macri. Os candidatos do atual presidente superavam os oposicionistas inclusive em Santa Cruz, província natal de Cristina Kirchner.

“O peso argentino tem desvalorizado ao longo dos últimos dois meses, o que levou o Banco Central da Argentina a vender quase US$ 2 bilhões. O mais provável é que a tendência seja revertida nesta semana”, afirmou Rafael Di Giorno, diretor da Proficio Investment Management, um banco de investimentos sediado em Buenos Aires. “Os bônus e as ações recuperarão perdas”, previu.

Pesquisas de antes da eleição indicavam que Kirchner derrotaria o candidato de Macri para o Senado pela província de Buenos Aires, o ministro da Educação Esteban Bullrich, por vários pontos porcentuais. Mas na manhã desta segunda-feira, com mais de 90% dos votos apurados, Bullrich estava levemente à frente, com 34,27% ante 34,01% da ex-presidente.

Analistas disseram que, mesmo se Cristina Kirchner vencer, ela não estará em posição para reivindicar um papel de maior autoridade no movimento político peronista que domina a Argentina durante boa parte do tempo desde sua fundação por Juan Domingo Perón, nos anos 1940.

“As margens estarão mais próximas conforme os votos forem contados, mas a ex-presidente precisava de uma desempenho melhor para dar a ela um papel maior no futuro”, afirmou Juan Cruz Díaz, diretor-gerente da consultoria Cefeidas. “De agora em diante, o governo pode começar a buscar as reformas adicionais que tem estado planejando”, acredita Díaz, citando o apoio nacional disseminado a Macri e a seus candidatos para o Congresso.

Embora Kirchner tenha uma base sólida de apoio na província de Buenos Aires, ela é muito impopular no restante do país. Pesquisas dão a ela pouca chance de retornar à presidência em 2019.

Cristina Kirchner deixou o poder com a inflação na casa dos dois dígitos e um aumento na pobreza, embora ainda com um apoio legal entre os mais pobres nas cidades. Os escândalos de corrupção envolveram várias autoridades no governo dela e ela própria foi acusada em vários crimes na esfera federal, como por corrupção, lavagem de dinheiro e fraude. A ex-líder diz que as acusações são uma conspiração de Macri e de magistrados federais para impedi-la de voltar ao poder.

Os candidatos da coalizão Cambiemos venceram não somente em Buenos Aires, mas também nas quatro províncias mais populosas da Argentina, entre elas Córdoba, Mendoza e Santa Fe, além da cidade capital, Buenos Aires. Também obteve vitórias em San Luis, que há décadas é dominada pela família peronista Saá.

A coalizão de Macri se beneficia de uma economia que começou a crescer no segundo semestre do ano passado. Em maio, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,3% na comparação anual. A inflação, que chegou a 45% no ano passado, desacelerou para 23%.

A porcentagem de pessoas que vivem abaixo do nível da pobreza superou 32% após Macri desvalorizar o peso, dias após assumir, mas começou a declinar. Os salários também começam a subir. As tendências positivas parecem ganhar força e poderiam beneficiar mais Macri na disputa de outubro.

“No nível nacional, Macri está claramente vencendo”, afirmou Juan Germano, analista político da consultoria Isonomia. Germano adverte, porém, que a coalizão Cambiemos terá de conseguir muito mais, manter o impulso da economia e o apoio dos eleitores que se mostram mais imprevisíveis que em eleições anteriores.

Em discurso na sede de sua campanha, Macri pediu aos eleitores que continuem a apoiar o esforço de reforma gradual na economia argentina. “Nada que valha a pena pode ser feito de um dia para o outro. Nós levaremos nosso tempo, dia a dia”, comentou ele. Fonte: Dow Jones Newswires.

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