Uma lamentação recorrente dos fãs brasileiros de esporte é que as emissoras nacionais costumam trazer em sua grade de programação uma "monocultura" esportiva, com o futebol encabeçando a lista. Falta espaço para diversas modalidades, principalmente as menos populares. Percebendo a possibilidade de ampliar as transmissões no País, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), em parceria com a TV NSports, criou o Canal Olímpico, uma plataforma que vai exibir eventos das 35 confederações olímpicas filiadas.
"Desde que cheguei ao COB a gente vem conversando sobre como divulgar todo o material que a gente tem produzido. Temos acesso aos atletas, aos bastidores, produzimos muita coisa com nossa equipe, mas o conteúdo ficava um pouco pulverizado. Então começamos a pensar numa estrutura para ter um canal, uma plataforma. Aí veio a pandemia de covid-19 e acelerou esse processo", explica Manoela Penna, diretora de comunicação e marketing do COB.
Para viabilizar o projeto, o comitê conversou com mais de dez empresas, que falaram sobre suas soluções tecnológicas e comerciais para uma possível parceria. "Todas apresentaram planos e passaram pelo nosso departamento de Compliance. Acabamos optando pela TV NSports, que vai ser nossa sócia na operação. Vamos dividir custos e lucros, e as confederações também vão ganhar, pois poderão ter mais visibilidade e terão acesso a uma nova fonte de receita e novas propriedades comerciais", continua.
O Canal Olímpico foi apresentado para as confederações olímpicas nacionais, com a aceitação sendo maciça, segundo relata Manoela, que também ficou surpresa com a enorme oferta de eventos. Também houve uma conversa com o Comitê Olímpico Internacional (COI), que possui o Olympic Channel. "Eles adoraram nosso canal e teceram muitos elogios. Também permitiram que a gente tivesse o direito de mostrar todo conteúdo deles", revela.
A principal intenção é fortalecer o movimento olímpico com entrevistas, vídeos e eventos ao vivo sempre que possível. Como o COB não pode comprar direitos de transmissão, quem ficará encarregado disso é a TV NSports. Inclusive existem diversos eventos que não implicam uso de recursos financeiros para adquirir os direitos. Pode-se apenas receber o sinal internacional e transmitir. "Nossa ideia não é ser concorrente dos canais esportivos", avisa Manoela.
Guilherme Figueiredo, diretor-geral da TV NSports, explica que a missão de sua empresa desde a fundação sempre foi democratizar as transmissões esportivas e ampliar a visibilidade das modalidades com pouco espaço na grade da mídia tradicional. "O Canal Olímpico do Brasil é a materialização desse sonho. A ideia é ter, em uma única plataforma, transmissão ao vivo de eventos de todas as modalidades esportivas, mostrar a rotina de preparação dos atletas brasileiros para os Jogos Olímpicos e fazer a cobertura de bastidores e conteúdos exclusivos em Tóquio", conta.
"A TV NSports foi escolhida após a concorrência organizada pelo COB para operacionalizar o Canal Olímpico do Brasil aproveitando a expertise de transmissão de eventos esportivos por streaming com qualidade e economia que adquirimos em nossos anos de operação. Assim como fazemos com outras entidades esportivas, trabalhamos numa solução de ponta a ponta com plataforma, criação de conteúdo, produção das transmissões ao vivo e exploração comercial de publicidade, conteúdo patrocinado e ativações de marca", continua Figueiredo.
A parceria começou em dezembro com a transmissão de eventos de atletismo, natação, tênis de mesa e tiro esportivo, mas a estreia oficial foi neste mês com a exibição de três entrevistas exclusivas, com Hugo Hoyama (tênis de mesa), Paulo André (atletismo) e Cesar Cielo (natação). "Queremos oferecer conteúdo que só nós temos acesso e faltava essa plataforma estruturada. A TV NSports entrou com a expertise em transmissões por streaming e nos Jogos de Tóquio vamos mostrar muita coisa dos bastidores dos nossos atletas", afirma Manoela.
A ideia do COB é ter por ano mais de um evento de cada uma de suas confederações olímpicas. O departamento comercial da TV NSports está indo atrás de novas marcas que podem se tornar potenciais patrocinadores da entidade no futuro. Os planos são ambiciosos, mas Manoela frisa que quer dar um passo de cada vez. "O COB tem cerca de 3 milhões de seguidores nas redes sociais. Cada confederação também tem seu nicho. Tudo isso vai estar somado nas transmissões", diz.
O Canal Olímpico pode ser acessado pelo endereço www.canalolimpicodobrasil.com.br e é multiplataforma, com acesso por desktop, mobile, smart TV e web app. Cada confederação esportiva terá seu canal individual, com conteúdo próprio. Segundo o COB, no futuro o canal "poderá contar ainda com patrocínios e publicidade em suas transmissões, assim como venda de direitos internacionais, eventos pay-per-view e vídeo crowdfunding".