Qual é o caminho que atletas percorrem desde a iniciação, passando pelas categorias de base, ingressando no esporte de alto rendimento, até a transição para uma nova carreira? O detalhamento de todo esse longo e complexo processo é o tema do novo projeto do Comitê Olímpico do Brasil (COB) denominado "Modelo de Desenvolvimento Esportivo", uma publicação de 244 páginas que analisa todas as fases desta trajetória.
O documento também traz um olhar especial para o desenvolvimento de treinadores e treinadoras, peças-chave para o sucesso de atletas, e será disponibilizado para as 34 Confederações Brasileiras Olímpicas e servirá como referencial para todo sistema esportivo nacional. A iniciativa tem o apoio do Programa Solidariedade Olímpica, do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em dois anos, o Time Brasil estará com sua delegação nos Jogos de Paris.
O documento, desenvolvido pela recém-criada Diretoria de Desenvolvimento e Ciências do Esporte do COB, aborda os conceitos mais modernos sobre o processo de formação esportiva em longo prazo, orientando as práticas nas diversas fases de desenvolvimento de atletas, desde o primeiro contato com o esporte até o fim de sua carreira esportiva, na qual competidores que foram desenvolvidos de forma global podem passar a contribuir para o sistema esportivo em outras funções.
Visando integrar o campo prático e a área acadêmica, foi envolvida na elaboração do modelo uma equipe formada pela área de Desenvolvimento Esportivo em conjunto com 13 especialistas em pedagogia do esporte. Além de uma análise aprofundada do cenário nacional, a publicação reúne as principais tendências atuais sobre o desenvolvimento esportivo no mundo. O COB se inspirou em modelos de grandes potências esportivas, como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido para elaboração do projeto.
"O Comitê Olímpico do Brasil acredita que um desenvolvimento esportivo sustentável e duradouro é resultado do trabalho integrado entre as diferentes organizações do sistema. Entendendo a relevância do assunto, compartilhamos com a comunidade esportiva brasileira o Modelo de Desenvolvimento Esportivo do COB. Queremos que esse projeto seja um norteador da formação esportiva em longo prazo englobando a estruturação do ambiente adequado para o desenvolvimento de atletas jovens e a formação continuada de treinadores e treinadoras. Desejamos que esse material inspire todo o sistema e contribua para a constante evolução da gestão do esporte nacional", declara Paulo Wanderley, presidente do COB.
Um dos principais objetivos do COB com o documento é incentivar as entidades esportivas a estruturarem ainda mais os processos de desenvolvimento esportivo de suas modalidades, além de avançarem nos seus próprios modelos e programas de formação de treinadores e treinadoras. Para isso, o COB realizará um workshop para a discussão do tema.
"Buscamos ampliar o nosso suporte às confederações com projetos que tenham o potencial de impactar o desenvolvimento do esporte olímpico de forma sustentável. Acreditamos que a aplicação do modelo, respeitando as especificidades de cada modalidade, favorece o aumento da prática esportiva, a manutenção dos atletas em alto nível de treinamento, a redução do abandono em momentos sensíveis de transição e, consequentemente, no volume maior de atletas que ingressam no caminho em busca da conquista de medalha no esporte de elite", afirma Kenji Saito, diretor de Desenvolvimento e Ciências do Esporte do COB.
O Modelo de Desenvolvimento Esportivo do COB está dividido em duas seções. A primeira dedicada a discutir o desenvolvimento de atletas sob uma perspectiva holística, enquanto a segunda é voltada à formação continuada do treinador, apresentando ferramentas para que possam investir nas suas carreiras e conduzir da melhor maneira a formação das próximas gerações.
"Tão importante quanto oferecer diretrizes para o desenvolvimento de atletas é dar suporte para o processo de capacitação de treinadores e treinadoras, agentes centrais no desenvolvimento de atletas em longo prazo. Um ponto relevante nesse contexto é o incentivo para que o treinador assuma o protagonismo na liderança não só de atletas, mas também de uma equipe interdisciplinar e da própria gestão da sua carreira", reforça Kenji.