A volta da Rússia às competições oficiais está cada vez mais próxima. Na quarta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) acenou favorável para que os russos e seus aliados de Belarus disputem os Jogos Olímpicos de Paris-2024, mas com times neutros – sem representar a bandeira de suas determinadas nações. A Ucrânia, que está sendo atacada pelos dois países, contudo, é contra. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy pediu que fossem "excluí-los totalmente". Mas foi derrotado mais uma vez nesta quinta-feira, com Rússia e Belarus sendo convidadas a competir nos Jogos Asiáticos, uma importante qualificação olímpica.
Por causa da invasão à Ucrânia, Rússia e Belarus foram impedidas de participar de quase todas as competições internacionais de esportes olímpicos. Zelenskyy pressiona para que o veto siga e disse ao presidente francês Emmanuel Macron que a Rússia "não deveria ter lugar" em Paris-2024.
O COI fez referência à guerra civil na ex-Iugoslávia nas Olimpíadas de 1992 em Barcelona para se mostrar favorável à presença das delegações na França no próximo ano. Na época, o país estava sob sanções das Nações Unidas, então os atletas iugoslavos foram autorizados a competir individualmente apenas como "participantes olímpicos independentes". Seria uma medida mais rigorosa do que as anteriores do COI contra a Rússia nas consequências de um dos maiores casos de doping da história do esporte. Os russos competiram sob o nome de "atleta olímpico da Rússia" nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 e como ROC (Comitê Olímpico Russo) em 2021 e 2022, sem o hino ou a bandeira de seu país, mas com as cores nacionais nos uniformes.
"O COI tem desconsiderado os crimes de guerra russos, alegando que nenhum atleta deve ser impedido de competir apenas por causa de seu passaporte , enquanto atletas ucranianos continuam sendo mortos pela Rússia por causa de seus passaportes. Peço a todas as figuras do esporte que tornem sua posição conhecida", escreveu o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, no Twitter nesta quinta-feira.
A Ucrânia já havia boicotado uma eliminatória olímpica de judô no ano passado, quando os russos foram autorizados a competir como neutros. Por outro lado, na Rússia o plano do COI foi elogiado por Igor Levitin, assessor do presidente Vladimir Putin. "Acho que já é um sucesso. A sociedade olímpica entende que os Jogos Olímpicos não podem ser realizados sem a Rússia", disse Levitin, vice-presidente sênior do Comitê Olímpico Russo, à agência de notícias estatal Tass.
Mas há quem não aprove a ideia do COI na Rússia. Algumas autoridades expressaram descontentamento, declarando que "não permitiriam atletas que estivessem apoiando ativamente a guerra na Ucrânia". O presidente do Comitê Olímpico Russo, Stanislav Pozdnyakov, afirmou que se opõe a "quaisquer restrições, exigências extras ou sanções".
JOGOS ASIÁTICOS
Os Jogos Asiáticos serão em Hangzhou, China, em setembro e outubro, e servirão como eliminatórias olímpicas em vários esportes, incluindo arco e flecha e boxe. Alguns outros esportes hospedam suas próprias competições de qualificação específicas da Ásia.
"A OCA (Conselho Olímpico0 da Ásia) acredita no poder unificador do esporte e que todos os atletas, independentemente de sua nacionalidade ou passaporte, devem poder competir em competições esportivas", disse a OCA em comunicado. O diretor-geral da entidade é Husain al-Musallam, também presidente da World Aquatics, que supervisiona o principal esporte olímpico de natação na cidade natal do COI, Lausanne.
"A OCA ofereceu aos atletas russos e belarussos qualificados a oportunidade de participar de competições na Ásia, incluindo os Jogos Asiáticos", informou a organização. A entidade acrescentou que "permanece em espera" até que o COI e os órgãos reguladores de esportes individuais finalizem as condições para Rússia e Belarus competirem.