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Colégios unem pipeta e bluetooth nas aulas práticas

Pipetas e tubos de ensaio agora dividem espaço com xilogravuras, bluetooth e canos de PVC transformados em instrumentos musicais. Para acompanhar uma geração cada vez mais informada e conectada, escolas privadas têm mudado o conceito dos laboratórios e dado novo significado às aulas práticas.

Em uma sala do colégio Bandeirantes, em São Paulo, funciona o chamado Maker Space. Uma mistura de laboratório e oficina em que professores de várias disciplinas coordenam projetos desenvolvidos pelos alunos.

As paredes ostentam obras de arte dos estudantes ao lado de uma impressora 3D. Alunos fazem um teclado com canos, outros usam a câmera do celular para criar uma lente digital de aumento. Uma turma desenvolve um dispositivo para abrir uma porta pelo celular e outra realiza um experimento para testar se a mão enrugada pelo contato com a água torna a pele mais aderente.

Para a coordenadora do laboratório de ciência do Bandeirantes, Cristiana Assumpção, as experiências refletem exigência da sociedade. “Estamos em um momento em que é possível criar uma escola pensada pelos teóricos há muito tempo”, diz. “Com essas aulas, os alunos veem tudo do currículo, mas vão muito mais a fundo.”

Empreendedores

As ideias dos projetos são dos estudantes. “Quando a aula é prática, você está interagindo e fica fácil”, explica Beatriz de Marchi, de 13 anos. “Seria legal se tudo fosse prático. A gente entende o que aplica”, afirma Julia Aluotto, de 14 anos.

Na opinião da orientadora educacional Ana Claudia Esteves Correa, da Escola Stance Dual, na região central, as mudanças nas aulas estão aliadas a uma visão do mundo não compartimentado, contrastando com uma divisão curricular em disciplinas, como sempre ocorreu. “A lógica é que o aluno possa, a partir da curiosidade e do desejo de resolver os problemas, usar os conhecimentos acumulados que podem ser da física, química.”

Espaço

A tecnologia não está mais restrita ao laboratório de informática, como acontecia no passado. Ganha cada vez mais importância nas aulas, nas quais está presente, por exemplo, por meio de tablets. “É a tecnologia aliada às disciplinas”, diz Ana Claudia.

Na Stance Dual, as aulas no laboratório de informática falam sobre design e tecnologia, mas também da aproximação de saberes analógicos. “Tem aluno que não havia feito dobradura, por exemplo. A gente faz uma conexão entre habilidades da vida diária, como explorar o espaço”, explica a orientadora educacional.

Transformar a cidade em ambiente de aprendizado tem se tornado comum. “O laboratório parece coisa do século 20. Acabará não existindo mais”, diz Paola Bonfanti, coordenadora da Escola Cidade Jardim Playpen, cujos alunos já participaram de aulas no Parque Alfredo Volpi e no centro da capital.

“O que está se firmando é a sala de aula no mundo”, diz a diretora de tecnologia educacional do Visconde de Porto Seguro, Renata Pastore. “O conceito de laboratório tradicional está cada vez mais fora de moda. Na verdade, a gente tem de possibilitar o espaço de ensino e aprendizado.”

No colégio, uma parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, leva os alunos a comunidades carentes para que eles desenvolvam iniciativas sociais. “A gente tenta buscar solução para o problema real.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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