Estadão

Colisão entre navios da China e Filipinas eleva tensão militar no Pacífico

Um navio da guarda costeira chinesa e um navio de abastecimento filipino colidiram perto das Ilhas Spratly, no Mar do Sul da China, elevando as tensões na região. O incidente ocorreu nesta segunda-feira, 17, no recife "Ren ai", área reivindicada por Pequim, mas localizada na zona econômica exclusiva das Filipinas.

A guarda costeira chinesa afirmou que o navio filipino entrou ilegalmente no mar perto do recife Ren ai, nas ilhas Nansha da China, ignorando vários avisos do lado chinês. Segundo Pequim, a embarcação filipina abordou o navio chinês de forma pouco profissional, resultando numa colisão.

Em resposta, os militares das Filipinas classificaram as informações chinesas como enganosas e ilusórias e negaram qualquer irregularidade na ação de seu navio. Em nota, eles reforçaram que a embarcação estava em missão de reabastecimento para as tropas do país estacionadas no local, dentro da zona econômica exclusiva das Filipinas.

<b>Reações e temor de escalada</b>

A colisão mais recente gerou preocupação internacional. A embaixadora dos EUA nas Filipinas, MaryKay Carlson, condenou as "manobras agressivas e perigosas" da China, enquanto o ministro da Defesa filipino, Gilberto Teodoro, afirmou que as ações da China são "os verdadeiros obstáculos à paz e à estabilidade no Mar do Sul da China".

O incidente também ocorre em meio a novas regras da guarda costeira chinesa que permitem a detenção de estrangeiros por até 60 dias sem julgamento no Mar da China Meridional, o que tem sido criticado pelos EUA e outros países como uma escalada das tensões na região, A escalada das tensões na região levanta preocupações sobre a estabilidade regional e a liberdade de navegação em uma das rotas marítimas mais importantes do mundo.

<b>Histórico de disputas territoriais</b>

O incidente desta segunda-feira se soma a uma série de confrontos recentes entre os dois países na região. A China reivindica quase todo o Mar do Sul da China, incluindo áreas reivindicadas por outros países do Sudeste Asiático, como Vietnã, Filipinas, Malásia e Brunei.

A escalada começou em setembro de 2023, quando a guarda costeira filipina removeu uma barreira flutuante colocada pela China no recife em disputa. No mês seguinte, outubro, navios chineses abalroaram embarcações filipinas perto de Second Thomas Shoal, outro local reivindicado por ambos os países.

Em novembro, a China elevou a tensão no Mar da China Meridional ao usar canhões de água contra um navio de abastecimento filipino nas proximidades de Second Thomas Shoal. No mês seguinte, a guarda costeira chinesa intensificou suas ações, cercando e utilizando novamente canhões de água contra um navio de suprimentos filipino na mesma região.

Já em janeiro de 2024, um capitão de barco de pesca filipino relatou ter sido expulso de Scarborough Shoal pela guarda costeira chinesa. Março foi marcado por uma colisão entre embarcações da guarda costeira dos dois países perto de Second Thomas Shoal, seguida pelo uso de canhões de água por parte da China contra um barco de abastecimento filipino.

Abril trouxe novos incidentes, com um navio da guarda costeira chinesa bloqueando um navio de patrulha filipino perto de Second Thomas Shoal e disparando canhões de água contra navios filipinos perto do recife.

As tensões continuaram a escalar em junho, quando a guarda costeira chinesa apreendeu alimentos destinados a tropas filipinas no mesmo local, culminando na colisão entre um navio chinês e um navio de abastecimento filipino perto das Ilhas Spratly. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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