Mais 16 migrantes venezuelanos procedentes de Roraima chegam às 18h30 desta quarta-feira, 13/03, na Base Aérea de São Paulo, em Cumbica, por meio do Programa de Interiorização do Governo Federal. Eles se juntam aos outros 86 que estão em Guarulhos, desde agosto do ano passado.
Dos 16 que chegam nesta quarta, seis serão acolhidos no Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), na rua Paulo José Bazzani, no Macedo. Os outros dez serão recebidos na Casa Minha Pátria, na rua Tabajara, 264, na Vila São Jorge.
Nos locais, os venezuelanos que fogem do caos social e político do país vizinho recebem acomodação, alimentação, avaliação de saúde e profissionalização para buscarem emprego.
O GuarulhosWeb conversou com dois homens que estão na cidade e tentam se adaptar à nova rotina. Anthony Palacio, de 19 anos, está no Brasil há um mês com a esposa e quatro enteados. A família está abrigada no CDDH.
O jovem conta que apesar de ter emprego na Venezuela, não conseguia sustentar a família e, no fim de novembro, decidiu viajar até o Brasil em um ônibus. Após a chegada e passagens por abrigos, a família precisou viver na rua por três semanas até encontrar um ponto de apoio que terminou com a vinda para Guarulhos.
Atualmente Anthony busca emprego. “Quando chegamos no Brasil ficamos muito alegres e orgulhosos de estar em uma país onde não estão nos usando e sim nos dando apoio. Nós não pretendemos mais voltar para a Venezuela. Eu quero trabalhar e criar a minha família aqui”, disse.
Assim como Anthony, os venezuelanos que são acolhidos nas casas de passagem, permanecem no local até encontrar uma ocupação e conseguir alugar uma casa. É a situação de Carlos Jesus Maivan Fernandez, de 30 anos, que há três meses mora em uma casa alugada.
Carlos era motorista na Venezuela e chegou sozinho ao Brasil, em 2018. Ele foi recebido na Casa Minha Pátria Junta das Missões Nacionais. Por lá se capacitou e há cinco meses conseguiu um emprego como ajudante em uma transportadora. Seu objetivo é poupar dinheiro para que a família possa vir ao Brasil.
“A experiência de chegar ao Brasil foi muito boa. A Igreja Batista me ajudou e aprendi muito. Já sou quase um brasileiro”, brincou.
Ação do poder público
Após a chegada dos 16 venezuelanos, na quinta-feira, 14/03, uma ação será coordenada pela Prefeitura, por intermédio da Subsecretaria da Igualdade Racial, em conjunto com as Secretarias da Saúde e de Desenvolvimento de Assistência Social. Ela consiste na tarefa de analisar a necessidade de cada um, referente a ensino (criança em idade escolar e cursos profissionalizantes), saúde, capacidade e inserção no mercado de trabalho, entre outros.
Segundo o subsecretário Anderson Guimarães (Igualdade Racial), a Prefeitura faz parte da rede de apoio sócio assistencial, essencial para retaguarda ao acolhimento destes migrantes e está realizando diálogos com todas as esferas de governo e as instituições, visando o fortalecimento das políticas existentes, articulando e garantindo o pleno acesso aos serviços básicos de saúde, assistência social, educação e trabalho para uma melhor inclusão desses migrantes”.
Ainda segundo a subsecretaria, após a entrada no País, os migrantes passaram pelo processo de atenção exigido pelo protocolo firmado para participação do Programa de Interiorização: todos tiveram o calendário de vacinação atualizado, os que necessitaram de atendimento médico especializado realizaram exames de saúde para facilitar a continuidade do tratamento na cidade-destino, passaram por atendimento jurídico para a regularização documental (expedição de Carteira de Trabalho e CPF) e migratória (solicitação de refúgio ou residência), de modo a facilitar a inclusão em território brasileiro.