Estadão

Com 2ª alta seguida, Ibovespa passa a acumular ganho no ano

A leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em dezembro, praticamente em linha com o esperado, contribuiu para uma nova rodada de alívio em câmbio, juros e Bolsa nesta quarta-feira, trazendo o Ibovespa pela primeira vez a terreno positivo no acumulado de 2022, nesta oitava sessão do ano. Após avanço de 1,80% no dia anterior, a referência da B3 subiu nesta quarta-feira 1,84%, a 105.685,66 pontos, entre mínima de 103.771,37 e máxima de 105.869,32 pontos (2,01%), renovada na reta final da sessão, acumulando agora recuperação de 2,89% na semana e de 0,82% no mês.

Em dia de vencimento de opções sobre o índice, o giro totalizou R$ 45,3 bilhões. No intradia, o Ibovespa foi ao maior nível desde 3 de janeiro (106.125,47 pontos).

"O grande destaque da manhã foi de novo o mercado americano, com a leitura sobre a inflação ao consumidor, número importante após as referências de ontem do (presidente do BC dos EUA, Jerome) Powell no Senado, quando contribuiu para amenizar temores, conciliando controle inflacionário com juros mais altos, mas sem redução imediata do balanço do Fed, que prejudicaria a retomada econômica. Nada de pressa e de aceleração de movimentos", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.

"A fala do Powell foi hawkish e contracionista, mas o mercado viu com bons olhos o fato de ele sinalizar que o ritmo de alta de juros ficará dentro do aceitável, do que pode ser absorvido. O mercado espera 0,25 ponto porcentual de alta para março, o que corresponde agora a 85% das apostas. A sinalização contribui para tirar volatilidade da curva, o que se reflete nos juros futuros e no câmbio, contribuindo para essa recuperação do Ibovespa, assim como o avanço das commodities", diz Antonio Carlos Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3.

"A inflação dos Estados Unidos não trouxe surpresas e ajudou bastante, desde a manhã. Estamos mais fortes, principalmente pelas commodities, que têm performado bem, tanto o petróleo como o minério. Além disso, o fechamento das curvas longas de juros contribui para dar uma acalmada no nosso cenário macro, favorecendo hoje principalmente o setor de varejo (na B3), muito sensível à questão de juros e inflação", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Assim, na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para as administradoras de shoppings, como Iguatemi (+8,31%), Multiplan (+6,54%) e BR Malls (+5,93%), assim como para varejistas como Magazine Luiza (+7,50%) e Lojas Renner (+5,98%). No lado oposto, Locaweb (-3,44%), Banco Inter (Unit -3,01%), Santander (-2,61%) e Cielo (-2,40%). Entre as blue chips, com a descompressão na curva de juros, os bancos tiveram desempenho majoritariamente negativo na sessão: além de Santander, destaque também para Itaú PN (-0,43%) e Bradesco ON (-0,88%). BB ON subiu 0,97%.

Impulsionando Petrobras (ON +3,31%, PN +3,05%) na sessão, a sequência de recuperação dos preços do petróleo – com o Brent negociado acima de US$ 85 por barril no melhor momento desta quarta-feira – ganhou dinamismo ainda no começo da tarde, após o Departamento de Energia dos Estados Unidos informar recuo de 4,5 milhões de barris de petróleo nos estoques na semana passada, em queda maior do que se antecipava no mercado.

Na China, o minério de ferro no porto de Qingdao fechou esta quarta-feira em alta de cerca de 3,5%, a US$ 133,68 por tonelada, no maior nível desde 11 de outubro. "Pode parecer um pouco contraintuitivo, mas as chuvas em Minas Gerais contribuem para sustentar o preço do minério, ao afetar a produção de um grande player (como a Vale)", aponta Pedrolin, da Blue3.

Nesta quarta, Vale ON fechou em alta de 1,09%, enquanto os ganhos no setor de siderurgia chegaram a 5,71% (CSN ON).

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