O Ibovespa sustentou no fechamento os 120 mil pontos pelo segundo dia, permanecendo nos maiores níveis desde o fim de agosto passado, embora mostrando pouca força ao longo da tarde, em sessão favorável ao petróleo, mas negativa para os três índices de ações em Nova York, com destaque para o Nasdaq (-1,21%). Ao final, a referência da B3 mostrava leve ganho de 0,20%, a 120.259,76 pontos, entre mínima de 119.775,24 e máxima de 120.531,15, saindo de abertura aos 120.013,36 pontos. Moderado, o giro financeiro ficou em R$ 28,9 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,99%, acumulando ganho de 6,29% no mês nesta penúltima sessão de março – no ano, sobe 14,73%.
Após longa sequência recente de avanço para o Ibovespa e de recuo para o dólar frente ao real, um como outro tendem a mostrar um padrão mais estável. Aos 120 mil pontos, o Ibovespa chegou a uma "região de resistência forte, em movimento esticado", aponta Pam Semezzato, analista gráfica da Clear Corretora, que considera que o ponto em que se encontra agora o índice da B3 pode suscitar uma correção.
O dólar, por sua vez, veio na terça, pelo segundo dia, tentando romper o suporte de R$ 4,740, mas fechando acima disso, observa a analista. "Ainda sem conseguir mostrar força de compra para um repique do último movimento, (o dólar) começa a dar sinais de que a força da queda está bem mais fraca", acrescenta Semezzato. Nesta quarta, a moeda americana encerrou o dia em alta de 0,62%, a R$ 4,7872.
O viés "hawkish" para a política monetária nos Estados Unidos, e menos afrouxado para outras economias centrais, como a da zona do euro, em contexto de incerteza sobre os rumos do conflito no Leste Europeu, contribui para a cautela dos investidores, na véspera da divulgação do PCE, a métrica preferida do Federal Reserve para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos. "Na sexta-feira tem o payroll , o relatório sobre o mercado de trabalho americano. Então é natural a cautela vista numa semana, até aqui, sem muitos fatos novos", diz Viviane Vieira, operadora de renda variável da B. Side Investimentos.
Nesta quarta, a divulgação da geração de vagas no setor privado da economia americana, na pesquisa mensal da ADP, considerada prévia ao relatório oficial de emprego (embora pouco correlacionada na prática), mostrou saldo positivo de 455 mil vagas em março, acima dos 450 mil postos previstos para o período.
A operadora da B. Side chama atenção para a recente inversão dos yields curtos dos títulos dos Estados Unidos em relação a vencimentos mais longos, o que reflete o tom mais agressivo adotado pelo Federal Reserve. "O mercado não estava esperando alta tão grande na taxa de referência no curto prazo, mas o tom mudou e a percepção agora é de que o Fed pode pesar a mão com relação aos juros", diz Viviane. Ainda assim, o fluxo produz efeito sobre o Ibovespa e o câmbio, o que tende a se manter até que a volatilidade sobrevenha, no segundo semestre, com a proximidade da eleição presidencial, observa a operadora.
"Ontem vimos a inversão dos vértices de 2 e 10 anos da curva americana, movimento que não se sustentou no final do pregão. Mas devemos continuar vendo a tendência de inversão da curva, na medida em que o mercado passa a esperar uma recessão nos EUA após o ajuste monetário massivo que o Fed será obrigado a realizar para conter a inflação", aponta em nota a Guide Investimentos.
Quadro bem distinto do observado no fechamento do ano passado: o PIB dos Estados Unidos cresceu à taxa anualizada de 6,9% no quarto trimestre de 2021, de acordo com a terceira e última leitura do indicador, divulgada nesta quarta pelo Departamento do Comércio do país. O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa de analistas e da segunda estimativa, de alta de 7%.
Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para Banco Pan (+5,68%), Yduqs (+3,45%), Minerva (+2,82%), Méliuz (+2,65%) e CSN (+2,46%). No lado oposto, Qualicorp (-5,99%), Natura (-4,56%), Azul (-4,26%) e Iguatemi (-3,82%). Entre as blue chips, o dia foi majoritariamente negativo para as ações de grandes bancos, à exceção de Santander (Unit +1,02%) e Itaú (PN +0,22%), mas de avanço para as de commodities (Vale ON +1,43%; Petrobras PN +2,14%, na máxima do dia no fechamento, e ON +1,77%), assim como para as siderúrgicas (CSN ON +2,46%, Gerdau PN +2,09%).