Estadão

Com alta do PIB, dólar cai e fecha a R$ 5,1460, menor nível desde dezembro

O dólar operou nesta terça-feira, 1º de junho, nos menores níveis desde o começo de janeiro, com a queda embalada pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado no primeiro trimestre, o que provocou uma onda de revisões para cima nos números de 2021, com consequente melhora do quadro fiscal para este ano. O superávit comercial recorde para o mês de maio também ajudou, assim como o ambiente de busca por risco no mercado internacional, que estimulou fluxo para o Brasil, em dia de novo recorde histórico do Ibovespa. Com isso, a moeda americana operou todo o dia abaixo dos R$ 5,20.

O dólar à vista fechou cotado em baixa de 1,51%, a R$ 5,1460, o menor valor desde 21 de dezembro. No ano, o dólar que acumulava alta até a segunda-feira, passou a cair 0,82%. No mercado futuro, o dólar para julho cedia 1,29% às 17h45, a R$ 5,1635.

Bancos como Goldman Sachs, Bank of America, Barclays e Bradesco estão entre os que revisaram nesta terça para cima as estimativas para o PIB do Brasil. O Goldman prevê crescimento batendo em 5,5% e 2021, desde que não haja crise de fornecimento de energia elétrica. O BofA melhorou ainda as projeções fiscais, com estimativa da dívida bruta em relação ao PIB caindo a 84%, ecoando declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. O banco americano também melhorou a previsão para o dólar, de R$ 5,40 para R$ 5,20 em dezembro.

"Esperamos que a economia se recupere visivelmente nos próximos trimestres", avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em nota. Ele observa que as contas fiscais tiveram melhora substancial em abril, ajudadas pela atividade mais aquecida. Mas isso não tira a necessidade do governo de seguir perseguindo um ajuste fiscal mais amplo.

Outro fator que beneficia o PIB e o real é a melhora dos termos de troca, por conta da disparada dos preços das commodities no mercado internacional, destaca Ramos. Em maio, o superávit comercial somou US$ 9,3 bilhões, o maior para o mês da série histórica, que veio após número também recorde em abril. No acumulado do ano, a balança registra um superávit de US$ 27,5 bilhões.

A atividade mais aquecida tem sido acompanhada de maior pressão na inflação, o que deve manter o Banco Central em trajetória de elevação de juros, afirma o economista para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson. Estes dois fatores são positivos para o câmbio. Ele prevê elevação de mais 0,75 ponto porcentual este mês e outra do mesmo montante na próxima reunião de agosto parece cada vez mais provável.

No exterior, o dólar caiu neste terça ante moedas fortes e boa parte dos emergentes, ajudado por uma rodada de divulgação de indicadores fortes da indústria, com os índices dos gerentes de compra (PMIs, na sigla em inglês) na Europa, Estados Unidos e China surpreendendo. "A manufatura dos EUA permanece muito forte", comenta o analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York, Edward Moya, em nota. Muitos americanos sentiram uma sensação de normalidade como no pré-pandemia neste fim de semana de feriado no país, ressalta ele. Assim, a volta nesta terça do feriado foi marcada por busca pelos ativos de risco, o que ajudou a enfraquecer o dólar.

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