Os juros futuros de curto e médio prazos consolidaram no fechamento da sessão regular o movimento de baixa visto desde o começo dos negócios, ainda motivado pelo otimismo dos investidores com o comportamento da inflação, nesta segunda-feira, 5, reforçado por declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Mesmo após uma sequência firme de quedas recentemente, os contratos longos também recuaram, a despeito das incertezas em relação a possíveis efeitos da decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas à importação de aço e alumínio e da deflagração da Operação Trapaça, da Polícia Federal, nova fase da Operação Carne Fraca, que tem como alvo esquema de fraudes descoberto na BRF.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fecha com taxa de 6,465%, de 6,514% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2020 encerrou a 7,41%, de 7,47% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 8,36% para 8,30% e a do DI para janeiro de 2023, de 9,20% para 9,13%.
Pela manhã, Ilan Goldfajn, em entrevista à rádio CBN, admitiu que “as últimas taxas de inflação de fato vieram mais baixas do que nós estávamos esperando” e que a inflação baixa “surpreendeu todo mundo, inclusive o próprio BC”.
Ele não descartou mais um corte na taxa básica de juros, mas disse que o BC “se dá a liberdade de aguardar, esperar a próxima reunião”. Num mercado já disposto a montar posições vendidas, as palavras foram a senha para ampliar as apostas de corte de 0,25 ponto porcentual na atual Selic de 6,75%, em março.
Com os curtos em queda, a ponta longa, em tese, deveria ficar mais estável, mas os prêmios ainda são vistos como atrativos para os investidores. “Os contratos longos ainda têm espaço gigantesco para cair, tem muito prêmio neste trecho”, afirmou o estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimento, Rafael Bevilacqua. À tarde, o apetite pelo risco no exterior cresceu e ajudou a ancorar a trajetória descendente.
Na Operação Trapaça, foram presos temporariamente o ex-presidente da BRF Pedro de Andrade Faria e o ex-diretor-vice-presidente da BRF Hélio Rubens Mendes dos Santos.
Segundo a PF, a empresa adulterava resultados de análises relativas à presença de salmonela em seus produtos como forma de burlar a fiscalização sanitária e continuar exportando para destinos que têm uma tolerância menor à presença da bactéria na proteína. A companhia divulgou, no período da tarde, comunicado em que diz estar “se inteirando dos detalhes” e colaborando com investigações para esclarecer os fatos.