Economia

Com aquisições, Santa Cruz vai faturar R$ 13 bi

Quase dez meses depois de anunciar que pretendia deixar o mercado brasileiro, a alemã Celesio, uma das maiores distribuidoras de medicamentos do mundo, conseguiu se desfazer das duas operações que mantinha no País, a PanPharma e a Oncoprod. As empresas foram compradas pela líder de mercado no Brasil, a paranaense Santa Cruz. O valor do negócio não foi divulgado, mas segundo fontes de mercado, as três distribuidoras devem faturar juntas, por ano, algo em torno de R$ 13 bilhões.

Fundada pelo casal Gilberto e Hieda Mayer, e hoje sob o comando da segunda geração, a Santa Cruz já liderava o segmento de distribuição de medicamentos no País mesmo antes de adquirir os negócios da Celesio. A empresa disputou os ativos com outros seis interessados. As negociações começaram em novembro do ano passado, segundo uma fonte próxima à transação, e foram concluídas nesta semana. Na segunda-feira, 1º, a Celesio, uma empresa de capital aberto, comunicou ao mercado a venda da subsidiária brasileira.

A multinacional começou a operar no País em 2012, com a aquisição da distribuidora PanPharma, hoje dona de uma fatia de 15% do mercado e com faturamento anual de R$ 4 bilhões. Com sede em Goiânia, a empresa tem cerca de 3,6 mil funcionários em 14 centros de distribuição espalhados pelo País. A Oncoprod, especializada em a medicamentos de alta complexidade, foi adquirida em 2014. A empresa fatura, por ano, cerca de R$ 1 bilhão.

O segmento de distribuição de medicamentos é bem segmentado no Brasil e vem sendo pressionado pela consolidação que houve nas duas pontas, com a união de redes de farmácias de um lado e grandes indústrias farmacêuticas do outro. “Quem não tem eficiência está sofrendo bastante neste mercado”, diz uma fonte com conhecimento do setor. “As empresas nacionais conseguiram uma vantagem em cima das multinacionais, por conhecerem melhor os meandros da legislação brasileira e as diferenças regionais.”

Em 2014, a receita da divisão da Celesio no Brasil caiu 4%, para 1,68 bilhão euros, na comparação com o ano anterior. Ao anunciar, em 2015, que pretendia deixar o País, a empresa citou a depreciação do real, impactos contábeis, a lentidão no ritmo de reestruturação de negócios e a consolidação de redes de farmácias como elemento que pressionaram suas margens de lucro.

“Esta decisão está alinhada à estratégia da Celesio de fortalecer sua posição de mercado na Europa”, afirmou Marc Owen, presidente do Conselho de Administração da Celesio, no comunicado divulgado em abril do ano passado. Com a decisão, o presidente executivo da multinacional no Brasil, Alexander Triebnigg, decidiu deixar a companhia.

Liderança

Com a compra da PahPharma e da Oncoprod, a Santa Cruz passa a liderar com folga a distribuição de medicamentos no País. Uma de suas principais concorrentes é a Profarma, que tem o capital aberto na BM&FBovespa. Em 2014, somando as divisões de distribuição e varejo farmacêutico, a Profarma faturou cerca de R$ 4,4 bilhões.

A Santa Cruz começou com uma pequena farmácia na cidade de Laranjeiras do Sul, no oeste do Paraná. Hoje, a empresa tem 11 centros de distribuição localizados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A sede corporativa, agora, fica em São Paulo. A companhia tem 6,5 mil funcionários e conta com uma força de vendas de 1 mil profissionais.

Na segunda-feira, a empresa não quis dar detalhes sobre a aquisição. Em nota, divulgada pela assessoria de imprensa, a Santa Cruz reforçou que “a operação será submetida ao Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade)” e que as operações da PanPharma e da Oncoprod serão mantidas de forma independente. “Os serviços prestados pelas empresas não sofrerão interrupção”, diz o comunicado.

A empresa brasileira foi assessorada no negócio pelo escritório de advocacia Souza Cescon Barrieu & Flesch. Itaú BBA e Lefosse prestaram assessoria para a Celesio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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