Estadão

Com ata do Copom, Bolsa fecha em baixa de 0,38%, a 128.767,45 pontos

Em dia negativo para as ações de varejo e bancos, e com leve realização de lucros em Eletrobras (ON -1,03%, PNB -0,15%) após a passagem pelo Congresso da MP sobre a privatização, o Ibovespa não conseguiu acompanhar o dólar abaixo de R$ 5 e a sessão positiva em Nova York, ambos reagindo a novos comentários, dovish (mais leve), de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos. Ainda assim, o índice da B3 conseguiu moderar as perdas a 0,38%, aos 128.767,45 pontos no fechamento, entre mínima de 127.802,73 e máxima de 129.258,72 pontos, com giro a R$ 37,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 0,28%, com ganho no mês a 2,02% e a 8,19% no ano.

Na mínima da sessão a R$ 4,9636, a moeda americana refletiu não apenas o ajuste externo, com foco no Fed, mas também a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), considerada por boa parte do mercado como mais hawkish (mais dura) do que o comunicado da semana passada sobre a decisão de política monetária do BC brasileiro, o que contribui para reforçar o fluxo externo, assim como captações sinalizadas por empresas. No fechamento, a moeda à vista mostrava queda de 1,13%, a R$ 4,9661.

"A combinação de hoje – dólar abaixo dos famigerados R$ 5 e Bolsa em queda – é incomum, mas acredito que se deva em grande parte, hoje, à ata do Copom, onde se fala de uma inflação mais persistente, o que faz com que a expectativa de juros também suba", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

"Desde a manhã, o Ibovespa brigou para se sustentar na casa dos 128 mil pontos, com o movimento comprador no setor de siderurgia e mineração, ensaiando recuperação após queda na semana passada, sendo insuficiente para levar o índice para cima. O Copom, na ata, chamou atenção para a possibilidade de viés mais hawkish , com aumento de juros mais agressivo, se houver descontrole inflacionário", diz Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, destacando a correção observada no setor de varejo, ante perspectiva de juros mais altos até o fim do ano.

"A tendência é de a curva de juros subir mais, o que resulta em ajuste natural no Ibovespa a partir dos investidores institucionais – e, depois, os de varejo -, embora se mantenha a previsão de bancos internacionais para o índice acima de 140 mil pontos (no fechamento do ano)", diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. "O Copom foi conservador na última reunião e precisará corrigir trajetória. Preços de commodities em alta, como o petróleo; extensão de auxílio emergencial, elevação de Bolsa Família, crise hídrica e bandeira vermelha 2 para os preços da energia elétrica, todos são fatores que resultam em mais pressão inflacionária", acrescenta o economista, que espera aumento de 1 ponto porcentual para a Selic em agosto, que já "poderia ter vindo na reunião passada."

"Ontem o Ibovespa acompanhou Wall Street, refletindo o tom mais otimista, mais ameno, de membros dirigentes do Fed. Já se cobrava movimento mais duro do Fed há uns dois, três meses atrás, com sinais, desde o início do ano, de pressão sobre os preços ao produtor, que agora rebatem nos preços ao consumidor, quando se olha o CPI. Mas é preciso dar crédito ao Fed, com a avaliação dos efeitos transitórios sobre a inflação", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para grau de tensão menor na curva de juros americana do que chegou a ser visto recentemente. "Fed está mais brando mesmo, o mercado entendeu", acrescenta.

No Brasil, além do Copom, a cautela vista na Bolsa decorreu também de dificuldades, notadas de segunda para a terça, no cumprimento de um cronograma antecipado para a vacinação em massa em parte das capitais brasileiras. Além de São Paulo, Aracaju (Sergipe), Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Florianópolis (Santa Catarina) e João Pessoa (Paraíba) suspenderam hoje a aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19, à espera de novos lotes.

Nesta terça-feira, as ações de Petrobras (PN +0,52%, ON +0,10%) conseguiram reverter as perdas observadas mais cedo e fechar o dia no positivo, tirando pressão do Ibovespa, em dia majoritariamente negativo para as ações de bancos, com perdas de até 2,11% (BB ON). Vale ON fechou o dia em alta de 1,17%, enquanto as ações do setor de siderurgia perderam fôlego, sem sinal único no encerramento (CSN ON +1,12%, Gerdau PN – 0,23%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para TIM (-3,96%), Cielo (-3,09%) e CCR (-2,93%). No lado oposto, Pão de Açúcar subiu 2,90%, CVC, 2,45%, e Totvs, 2,42%.

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