Consagrados na disputa interna de seus partidos, Hillary Clinton e Donald Trump iniciaram na terça-feira um novo capítulo da campanha presidencial dos EUA, que deverá ser marcado pela troca de ataques diretos e pesados entre os adversários. Declarações de ambos indicaram que o atual ciclo eleitoral será o mais agressivo da história recente das disputas pela Casa Branca.
No discurso em que celebrou a vitória nas prévias de seu partido, Hillary descreveu o Trump como um candidato que insulta minorias, tenta dividir a sociedade americana e busca levá-la de volta a um período no qual “oportunidade e dignidade” eram reservadas para alguns.
Hillary também repetiu a que deverá ser uma de suas principais linhas de ataque a Trump: a de que ele não possui o temperamento para ser presidente dos EUA.
Na direção contrária, o bilionário questionou a honestidade da candidata e de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. Trump acusou ambos de “venderem” favores a russos, chineses e sauditas em troca de doações para a Fundação Clinton.
Segundo ele, Hillary transformou sua gestão no Departamento de Estado em um hedge fund que gerava benefícios pessoais e decidiu usar um servidor privado de internet quando estava no cargo para ocultar informações. O republicano prometeu dar mais detalhes sobre as acusações em discurso que fará na próxima semana.
Hillary apresentou sua vitória como mais um capítulo da longa luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Mas seu discurso enfatizou a história que os americanos escreverão em novembro, quando escolherão o sucessor de Barack Obama.
Para unir passado e futuro, Hillary usou a trajetória de sua mãe, Dorothy Emma Howell, que nasceu no mesmo dia em que o Congresso Americano reconheceu o direito de voto das mulheres: 4 de junho de 1919.
A aprovação da 19ª emenda à Constituição dos EUA foi o resultado do movimento sufragista iniciado em 1848, que Hillary mencionou logo no início de seu discurso. “A vitória de hoje não é de uma pessoa. Ela pertence a gerações de homens e mulheres que lutaram e se sacrificaram e fizeram esse momento possível.”
A ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado afirmou que a mãe foi a pessoa que mais a influenciou. “Ela superou uma infância marcada pelo abandono e maus-tratos e de alguma maneira conseguiu não se tornar amarga.” E voltando ao momento atual, Hillary disse que uma das lições que aprendeu com a mãe foi não se intimidar “diante de brutamontes”, uma referência nada sutil a Trump.