Responsável pela produção no Brasil de veículos das marcas francesas Peugeot e Citröen, o grupo PSA começa a trabalhar com a hipótese de o governo só anunciar no ano que vem a nova política para o setor automotivo, batizada de Rota 2030. “Estamos vendo o nosso plano B”, disse o diretor de Comunicação e Relações Externas do grupo no Brasil, Fabrício Biondo.
Pensado para substituir o Inovar-Auto, política que expirou no fim do ano passado, o Rota 2030 deveria ter entrado em vigor em janeiro deste ano. Divergências no governo atrasaram o anúncio, que passou a ser prometido para fevereiro. Como a promessa foi quebrada e o governo não fala em novos prazos, o sentimento é de ceticismo na PSA.
“Eu não sei se o Rota 2030 sai este ano”, disse o executivo. “O governo falou que faria o anúncio no fim do ano passado e não fez. Depois falou que seria em fevereiro e não fez. Então quando isso vai sair?”, reclamou Biondo.
O executivo lembrou que todas as empresas fizeram seus planejamentos considerando que o Rota sairá este ano. “O planejamento se faz agora porque as empresas começam a trabalhar neste ano para cumprir metas de eficiência energética para 2021, 2022”, afirmou o executivo, ressaltando que as metas que estão sendo discutidas são mais difíceis que as do Inovar-Auto.
Quando fala em plano B, Biondo não se refere a revisão de investimentos, mas de orçamento, uma vez que produzir carros mais eficientes envolve mudanças nos processos de produção que são custosas e complexas para as montadoras.
Ele disse que, sem o anúncio do Rota 2030 em fevereiro, as montadoras farão um esforço para que isso ocorra em março ou abril. Mas lembrou que ainda há “uma série de alternativas a serem colocada na mesa” para que a nova política automotiva seja lançada neste ano.
O atraso do Rota 2030 se deve a divergências quanto ao sistema de tributação dos carros. As montadoras pedem incentivos fiscais para realizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O Ministério da Fazenda, no entanto, resiste em dar os incentivos porque isso prejudicaria o ajuste fiscal em curso. A decisão caberá ao presidente Michel Temer.