A Rússia começou a retirar diplomatas de sua embaixada e consulados na Ucrânia neste sábado em meio a crescentes temores de segurança. A medida é mais um sinal de que um conflito militar entre os países está se tornando mais provável.
A Casa Branca alertou no sábado que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento com grandes ações militares e pediu aos norte-americanos que deixem o país até domingo. A Rússia, que reuniu cerca de 130 mil soldados ao longo das fronteiras ucranianas nas últimas semanas, negou repetidamente que pretende invadir. O presidente Biden e o presidente russo Vladimir Putin devem discutir a crise ainda neste sábado.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse neste sábado que Moscou decidiu "certa otimização" do pessoal da embaixada russa em Kiev e seus consulados em Kharkiv, Odessa e Lviv porque temia "provocações do regime de Kiev ou de países terceiros". Ela disse que os serviços consulares continuarão. Por outro lado, um segurança da embaixada russa em Kiev e moradores de prédios próximos disseram que não viram nenhum sinal de evacuação até agora.
As embaixadas ocidentais também estão retirando funcionários da capital ucraniana, com algumas delas instalando sedes-satélite na cidade de Lviv, perto da fronteira polonesa, considerada relativamente segura.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que "continuamos nos concentrando em nossa embaixada" em Kiev e que o departamento fornecerá mais informações nas próximas horas. "Continuamos a ver sinais muito preocupantes da escalada russa, incluindo novas forças chegando ao redor das fronteiras da Ucrânia", disse ele após uma reunião com o primeiro-ministro interino de Fiji, Aiyaz Sayed-Khaiyum.
Blinken disse que falaria ainda hoje com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e que continuaria defendendo uma resolução diplomática para a crise. "Mas deve ocorrer no contexto de desescalada", disse. "Até agora, só vimos uma escalada de Moscou. Este é um momento crucial. Estamos preparados para o que acontecer."
Algumas embaixadas ocidentais planejam encerrar as operações em Kiev já na segunda-feira, disseram diplomatas. Os hotéis de Lviv já estão lotados de funcionários e contratados de embaixadas estrangeiras.
O Departamento de Estado dos EUA ordenou no mês passado a saída de todos os familiares de funcionários da Embaixada dos EUA em Kiev, enquanto autorizava a saída de alguns funcionários da embaixada. Na época, um alto funcionário do Departamento de Estado disse que as medidas eram "precauções prudentes tomadas para a segurança dos cidadãos e funcionários do governo dos EUA, e de forma alguma prejudica nosso apoio ou nosso compromisso com a Ucrânia".
O secretário disse que conversou recentemente com vários de seus colegas, incluindo o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg. Ele estava programado para falar no final do dia com a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss. "Temos um nível notável de unidade e propósito comum", disse Blinken. "Nós e nossos aliados deixamos isso muito claro para Moscou: se o presidente Putin decidir tomar uma ação militar, iremos rapidamente impor severas sanções econômicas. A coordenação com aliados e parceiros em todo o mundo reforçará a capacidade da Ucrânia de se defender."