O Ibovespa flertou com os 130 mil pontos ainda na virada da tarde desta terça-feira, no maior nível intradia desde 16 de janeiro, e conseguiu sustentar a marca no encerramento, também o melhor desde 15 do mesmo mês. Hoje, o índice oscilou de mínima na abertura aos 127.592,80 até os 130.416,95 na máxima, em alta de 2,21% que coincidiu com a do fechamento, uma fração abaixo, a 130.416,31 pontos. O giro subiu para R$ 27,3 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa passa ao positivo, em alta de 2,09% em fevereiro, com ganho de 2,54% na semana após duas sessões favoráveis. Em porcentual, o ganho do dia foi o maior desde 13 de dezembro, então de 2,42%.
Apenas cinco dos 86 papéis da carteira teórica encerraram o dia em baixa: Embraer (-3,83%), Localiza (-1,95%), Hapvida (-0,78%), Rumo (-0,66%) e Weg (-0,06%). Na ponta ganhadora, além de Bradesco PN (+6,21%) – banco que está para divulgar balanço -, destaque também para Natura (+6,79%), Eletrobras (ON +5,63%), Casas Bahia (+5,30%) e Magazine Luiza (+5,13%). Cielo subiu hoje 3,98%, com o fechamento de capital da empresa decidido pelos controladores: Bradesco e Banco do Brasil.
O BTG Pactual destaca, em relatório, que a oferta unificada com o Banco do Brasil para tirar a Cielo da Bolsa "faz muito sentido para os bancos controladores, especialmente Bradesco, que passa por uma grande transformação" – em que deve focar mais fortemente no segmento de pequenas e médias empresas, reporta a jornalista Caroline Aragaki, do Broadcast.
Assim como Bradesco, as demais blue chips também foram bem na sessão, inclusive Vale ON, a ação de maior peso no Ibovespa – no mês, o papel da mineradora ainda acumula perda de 1,61%, mas sobe agora 0,89% na semana, com avanço de 1,77% nesta terça-feira. Petrobras ON e PN ganharam hoje 1,51% e 0,92%. Entre os grandes bancos, além de Bradesco antes dos números trimestrais, destaque para Itaú (PN +4,29%), com reação favorável do mercado ao balanço outubro-dezembro de 2024. O setor metálico também brilhou hoje, com destaque para CSN (ON +3,57%).
"Divulgado hoje, o Boletim Focus não trouxe grandes alterações na perspectiva para a inflação, o PIB e o câmbio, tanto para 2024 como para 2025. Não tivemos nenhum outro dado econômico que pudesse trazer volatilidade ao mercado, além da ata do Copom que, em geral, veio em linha com o esperado. Há também espera do mercado pelos dados de inflação que serão divulgados na sexta-feira", diz Rose Duarte, analista da Toro Investimentos.
Pelo lado positivo na sessão, ela destaca o anúncio de resultados acima do esperado pelo mercado para o Itaú – bem como distribuição de dividendos e plano de recompra de ações -, o que agregou impulso ao setor de maior peso no Ibovespa, o financeiro.
Principal ponto da agenda doméstica nesta terça-feira, a ata do Copom, referente à reunião da semana passada, foi recebida sem sobressalto desde a manhã. "Não trouxe alterações na discussão sobre a condução da política monetária e na sinalização dos próximos passos", observa em nota Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.
"Vale destacar, porém, que pode ser vista como levemente mais hawkish, dado que a avaliação dos cenários e análise de riscos revela, na margem, uma maior preocupação com a dinâmica recente da inflação de serviços, a aceleração dos rendimentos reais, a possibilidade de atenuação de desaceleração da atividade, e um cenário internacional que segue volátil e incerto, demandando cautela", acrescenta o estrategista, observando também que, no documento, "não há qualquer indicação de que o comitê possa acelerar o ritmo de ajuste monetário".
"A ata mostra continuidade da leitura, com ênfase nos mesmos pontos, e sinalizando que ainda se espera também a concretização da queda de juros no exterior", diz Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.