O Japão venceu a Noruega por 3 a 1 e se classificou para as quartas de final da Copa do Mundo feminina de 2023. O jogo, disputado na madrugada deste sábado, dia 5, foi mais uma prova de que a seleção japonesa é uma das favoritas para levantar a taça do Mundial. Com o melhor ataque e a melhor defesa da fase de grupos, a seleção japonesa faz uma campanha perfeita até o momento. Ao todo, são 14 gols feitos em quatro jogos e apenas um gol tomado. Elas ainda contam com o poder decisivo da meia Hinata Miyazawa, artilheira da competição com cinco tentos marcados, para sonhar com o bicampeonato.
Na última rodada da primeira fase, chocaram o mundo ao aplicar uma sonora goleada contra uma das seleções mais fortes do mundo. As japonesas fizeram 4 a 0 contra a Espanha e não tomaram conhecimento de Alexia Putellas e companhia. A maior parte da imprensa especializada apontava para um confronto equilibrado, mas não foi isso que foi visto em campo. A nova geração nipônica não está para brincadeira.
O Japão tem um dos elencos mais jovens do Mundial de 2023. A atual geração japonesa viu as referências futebolísticas de seu país conquistarem o mundo, sendo campeãs mundiais em 2011 e vice-campeãs em 2015, além de terem conquistado a medalha de prata nas Olimpíadas de Londres, em 2012. As vitórias, no entanto, encontraram um fim amargo na Copa de 2019, quando as asiáticas caíram nas oitavas de final para a Holanda. Era claro que era hora de recomeçar.
O encarregado da nova fase foi o ex-jogador Futoshi Ikeda, que comandou o Japão no mundial sub-20 de 2018. No torneio, as japonesas fizeram bonito e conquistaram o campeonato ao bater a Espanha por 3 a 1. Com Ikeda no comando da seleção principal, a renovação começou. Nomes como Hinata Miyazawa, artilheira do Mundial, e Rico Ueki, fizeram parte do ciclo comandado por Ikeda e hoje são pilares da nova seleção japonesa. Do time que faturou o Mundial de 2011, somente a zagueira e capitã Saki Kumagai, de 32 anos, ainda está presente na seleção.
"Acho que o futebol feminino japonês conseguiu construir uma história sólida, fomos campeões no passado, é algo gigante para a gente. Mas vemos esse torneio como um novo desafio e as jogadoras estão indo com a expectativa lá em cima. Queremos chegar lá com o sentimento de que podemos encarar o que vier pela frente em vez de nos preocuparmos com qualquer eventual pressão de fora", afirmou Ikeda em entrevista à FIFA. "Eu quero que a gente lute com tamanha paixão que as pessoas em casa fiquem impressionadas com a nossa união em campo. Temos de brigar sempre até o apito final."
Com um futebol bem organizado, o Japão é mais do que capaz de mandar em um jogo. Nas duas primeiras partidas, contra Zâmbia e Costa Rica, a seleção asiática controlou a posse de bola e não deu chance as rivais. Contra as costa-riquenhas, inclusive, poupou cinco titulares e ainda manteve o mesmo nível de excelência apresentado nos outros dois jogos.
A equipe de Futoshi Ikeda, no entanto, também sabe se defender e jogar no contra-ataque quando necessário. Ao enfrentar a Espanha, o Japão fechou o time e deixou as europeias com a bola. Os passes envolventes espanhóis pouco efeito tiveram no sistema defensivo japonês e, ao recuperar a posse, as asiáticas foram letais. No primeiro tempo, foram três finalizações e três gols.
Contra a Noruega, o Japão sofreu mais do que o esperado. O controle da partida, no entanto, jamais esteve fora das mãos da seleção nipônica. Consideravelmente mais baixas do que as europeias, elas conseguiram anular as rivais por alto e, no final do jogo, quando as norueguesas esboçavam uma reação, foram rápidas e anotaram um terceiro gol, matando a partida.
O TERREMOTO DE 2011
Uma tragédia natural marcou a atual geração da seleção japonesa. Em 2011, o Japão sofreu o maior terremoto de sua história, um tremor de magnitude 9,1 que vitimou 19.759 mil pessoas. Algumas das jogadoras, como a atacante Jun Endo, viveram de perto o desastre.
De acordo com ela, a surpreendente conquista do Mundial feminino pela seleção japonesa ajudou a unir o país após uma tragédia gigantesca. Nas semifinais contra a Suécia, o time japonês exibiu uma faixa agradecendo o apoio da comunidade internacional.
"Os torcedores japoneses apoiaram bastante aquela equipe. O terremoto de 2011 havia acabado de acontecer, então, nesse sentido, foi um campeonato que deu coragem às pessoas para seguirem adiante e mostrou toda a alegria e grandeza do esporte", afirmou o treinador Futoshi Ikeda. Inspiradas na geração que ganhou tudo o que disputou, a nova seleção japonesa busca repetir o feito histórico de 2011 e devolver o futebol nipônico ao topo do mundo.