Mais cedo, o Ibovespa contava nesta terça-feira com tímido apoio de Petrobras, retirado em direção ao fechamento (ON -0,06%, PN +0,10%), e ajuda ainda menor do setor bancário – destaque no encerramento apenas para a recuperação parcial de Bradesco (ON -0,36%, PN +0,46%) -, sem conseguir, dessa forma, quebrar a série negativa deste começo de agosto, com perdas para o índice em todas as seis primeiras sessões do mês, ainda que em grau leve de correção.
Nesta abertura de mês, a referência da B3 cede 2,34% e, na semana, cai 0,35%. Nesta terça, chegou a esboçar leve ganho no melhor momento da tarde, mas ainda fechou em baixa, de 0,24%, aos 119.090,24 pontos. Apesar do modesto ajuste neste começo de agosto, as seis perdas são a mais longa sequência negativa do Ibovespa desde junho do ano passado, quando emendou oito baixas entre os dias 3 e 14 daquele mês.
No pior momento da sessão, resvalou nesta terça nos 117.491,95, o menor nível intradia desde 20 de julho, e na máxima desta terça-feira chegou aos 119.552,69 pontos, em leve alta de 0,15% no meio da tarde. As máximas se correlacionaram aos movimentos do dólar, que tocou na mínima do dia a marca de R$ 4,8898, em leve baixa de 0,10%, tendo se mantido em viés de alta na maior parte da sessão, com pico a R$ 4,9412 e fechamento perto da estabilidade (+0,06%), a R$ 4,8976. Na B3, o giro financeiro desta terça-feira ficou em R$ 22,0 bilhões.
Na ponta perdedora do Ibovespa, destaque para Petz (-6,10%), Dexco (-5,36%) e Méliuz (-3,39%), com Hapvida (+6,08%), Yduqs (+3,99%) e Alpargatas (+3,28%) no lado oposto. Itaú, que divulgou balanço do segundo trimestre após o fechamento de segunda-feira, encerrou nesta terça-feira com leve perda de 0,22% (PN), em dia mais uma vez negativo para os grandes bancos, em especial Santander (Unit -1,26%).
Fatores como a fraca leitura sobre o comércio exterior da China em julho – afetando em especial as ações do setor metálico (Vale ON -0,65%, Gerdau PN -2,99%), com exposição ao país asiático – e a ata do Copom, ponto alto da agenda doméstica, divulgada de manhã, contribuíram para a cautela e os movimentos contidos observados ao longo da sessão.
"A ata do Copom não trouxe visão muito clara com relação às próximas quedas da Selic. Uma parte do mercado considera que os próximos ajustes possam ser mais incisivos, com a ancoragem das expectativas de inflação – mas outra parte se mostra mais conservadora. Diante dessa divisão, há um certo tom cauteloso, o que deixa o mercado meio de lado. Lá fora, a inflação continua em patamares elevados, é motivo de alerta ainda, com efeito também para o Brasil", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.
Ele ressalta que fatores externos permanecem em pauta, apesar da visão prevalecente, otimista, quanto à inflação doméstica e a trajetória da Selic, ambas convergindo para baixo no momento, apesar de o setor de serviços ser ainda motivo de atenção.
"A tendência global hoje foi de aversão a risco, com apreciação do dólar e queda das bolsas, desde a manhã. Dados da China sobre a balança comercial desapontaram. E a Moody s rebaixou as notas de dez bancos americanos. Na Europa, houve anúncio, na Itália, de aumento de imposto sobre lucro de instituições financeiras. Aqui, o Ibovespa chegou a virar para o positivo, mas, mesmo que não tenha conseguido sustentar a alta no fechamento, mostrou perdas menores do que as vistas lá fora", diz Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas.
"A ata do Copom, na nossa opinião, veio mais dura. Apesar da decisão dividida sobre o corte de 0,25 ponto e da desconfiança sobre o ritmo de queda de meio ponto porcentual para a Selic, definição que foi tomada por unanimidade, a barra para um corte de juros mais intenso do que isso foi elevada, com o BC preocupado com a reancoragem de expectativas. Os juros futuros recuaram, refletindo a cautela externa também, mas os vencimentos longos mostraram uma retração maior, hoje, com desinclinação da curva", acrescenta a economista.
Para Alex Carvalho, analista da CM Capital, o cenário externo tem se mostrado mais volátil, com a China trazendo números econômicos que não têm agradado aos investidores, o que se combinou nesta terça, para a cautela global, com a elevação de tributação sobre bancos na Itália e, especialmente, ao rebaixamento pela Moody s da nota de crédito de alguns pequenos e médios bancos americanos, na semana seguinte ao corte do rating dos Estados Unidos pela Fitch.
"Tudo isso, lá fora, acontecendo no momento em que a Selic começa a ser cortada", observa o analista, destacando, por outro lado, que os investidores devem manter atenção aos resultados trimestrais das empresas brasileiras, em busca de oportunidades em ações cujo desempenho possa ter ficado para trás no primeiro semestre.
Após a divulgação de resultados de nomes como Petrobras, Vale, Santander, Bradesco e, de segunda para esta terça, Itaú e Eletrobras, o mercado conhecerá amanhã os números trimestrais do BTG, antes da abertura, e do Banco do Brasil, depois do fechamento da B3. Com os números divulgados nesta terça, antes da abertura, Eletrobras ON e PNB subiram, respectivamente, 1,96% e 0,90% nesta terça-feira.
"A tendência para o Ibovespa ainda é positiva, mas não deve buscar de imediato o nível dos 123 mil pontos, com que chegou a flertar recentemente. O índice fez fundo ali pela região dos 116,5 mil pontos, no fim de junho e em meados de julho no intradia, um suporte importante que, caso venha a ser rompido, poderia levá-lo em direção aos 110 mil pontos", acrescenta o analista.