Nesta penúltima sessão de maio, em que o petróleo cedeu mais de 4%, a aversão a risco desde o exterior resultou em realização de lucros um pouco mais forte na B3, em terreno negativo pelo segundo dia. Após sequência de ganhos desde o dia 4 – interrompida apenas no dia 16, e que o alçou a 110,7 mil pontos no fechamento de 19 de maio, maior nível então desde 1º de fevereiro -, o Ibovespa passou a alternar séries mais curtas, de avanços e recuos, a partir do último dia 22. Desde 22, foram cinco perdas, incluindo a de hoje, e apenas dois ganhos, em 25 e 26 de maio, quando chegou aos 110,9 mil pontos, superando a marca do último dia 19.
Assim, o Ibovespa oscilou nesta terça-feira entre mínima de 108.551,51 e máxima de 111.290,69 pontos, para fechar aos 108.967,03 pontos, em baixa de 1,24% na sessão, em que saiu de abertura aos 110.333,40 pontos. O giro não foi tão fraco quanto o de ontem, então abaixo de R$ 12 bilhões com o feriado nos Estados Unidos, mas seguiu moderado, como tem sido a tendência recente, a R$ 23,2 bilhões. Na semana, o índice da B3 cede 1,75%, mas ainda avança 4,34% no mês. Em 2023, oscila hoje para baixo, com recuo de 0,70% no ano.
"O Ibovespa vinha de pé trocado, subindo mesmo quando as bolsas lá fora caíam, e agora volta ao suporte que corresponde à média móvel de 200 períodos, um pouco abaixo dos 109 mil. Chegado o fim do mês, é natural uma realização de lucros, considerando que o Ibovespa ainda sobe mais de 4% em maio, com avanço bem distribuído por diferentes setores", diz Marco Monteiro, analista da CM Capital, mencionando ganhos superiores a 16% para o setor imobiliário, acima de 12% para as small caps – ações de menor capitalização de mercado, menos líquidas -, e de quase 12% para o segmento de consumo no mês, pouco antes do fechamento desta terça-feira.
"A queda de hoje foi muito condicionada pelas commodities, como o petróleo, principalmente, e o minério de ferro, que já vem mais fraco há algum tempo, o que afeta empresas de peso como Petrobras e Vale", diz Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos. Ele observa que a pressão sobre os preços das commodities acabou por ofuscar, na sessão, outros desdobramentos recentes positivos, como o avanço de uma solução para o teto da dívida nos Estados Unidos e, no Brasil, a leitura mais fraca do IGP-M, com deflação de 1,84% em maio – e uma queda de 4,47% em 12 meses. A moderação dos índices de inflação se reflete na curva de juros doméstica, que tem melhorado com a acomodação dos preços.
Lá fora, por outro lado, os contratos futuros de petróleo aprofundaram perdas ao longo da sessão, em queda acima de 4% nos fechamentos de Nova York e Londres. As tensões emergentes entre Arábia Saudita e Rússia quanto a cortes de oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) estiveram no radar nesta terça-feira. A Rússia continua a disponibilizar grandes volumes de petróleo mais barato, minando esforços sauditas para fortalecer os preços da commodity, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
Petrobras ON e PN encerraram a sessão em baixa, respectivamente, de 0,94% e 1,12%, enquanto Vale ON cedeu 2,35%, com o minério abaixo de US$ 100 por tonelada na China (Dalian). O dia foi amplamente negativo para o setor metálico como um todo, com destaque para CSN (ON -3,77%, mínima do dia no fechamento, a R$ 12,00).
Na ponta perdedora do Ibovespa, além de CSN, de CSN Mineração (-2,84%) e de Usiminas (-2,88%), nomes correlacionados ao ciclo doméstico, como CVC (-3,87%) e Petz (-3,72%). No lado oposto, destaque para IRB (+4,31%), Hapvida (+4,10%), Raízen (+1,98%) e Dexco (+1,41%). Entre os grandes bancos, o dia foi majoritariamente negativo, com perdas de até 2,73% (Bradesco PN) no fechamento, à exceção de BB (ON +0,86%).