Esportes

Com criação da Liga das Nações, Fifa coloca um fim nos amistosos entre seleções

Nos próximos três meses, os dirigentes da Fifa irão tomar uma decisão que pode modificar profundamente o calendário do futebol. O que já está sacramentado é o fim dos amistosos entre as seleções europeias, uma nova realidade que começará a vigorar a partir de setembro de 2018. A expectativa é de que outras novidades sejam anunciadas depois das reuniões do Conselho da Fifa, entre os dias 15 e 16 de março, em Bogotá, na Colômbia.

No lugar dos amistosos, a Uefa criou uma Liga das Nações, com jogos entre as seleções europeias em um torneio com duração de um ano. Brasil e outros não terão mais possibilidade de disputar jogos contra os europeus fora de uma Copa do Mundo. Diante desta argumentação, foi estabelecido um plano para que o campeonato ganhe um caráter mundial com a entrada da América do Sul, África e os demais continentes dentro de dois anos.

O objetivo é dar fim a partidas amistosas, que, nos últimos anos, se transformaram em máquinas de lavagem de dinheiro, como comprova o julgamento do “caso Fifa” em curso nos Estados Unidos. Além disso, elas representam pouco ganho técnico para as equipes.

Desde que chegou à Fifa, em 2016, o presidente Gianni Infantino se debruçou sobre a tarefa de modificar o esporte, com vistas a torná-lo mais atrativo e rentável. “O que está sendo debatido é uma revolução no calendário do futebol”, disse um dos dirigentes que faz parte das negociações. Segundo ele, a ideia é tornar o futebol mais atraente para torcedores, clubes, federações, TVs e patrocinadores. Mas os diferentes interesses em jogo são obstáculos importantes.

Um dos temas mais espinhosos da proposta de reformulação é o futuro do Mundial de Clubes. Em 2018, ele ainda será mantido. Mas tudo indica que será uma das últimas edições. Depois da final entre Real Madrid e Grêmio, as críticas contra o torneio ganharam mais força. Cartolas da Uefa não veem atrativo comercial em uma competição na qual somam nove triunfos nas últimas 10 edições. Pior: a audiência de TV é baixa na Europa.

No último torneio, vencido com facilidade pelo Real Madrid, a média de público foi de 16 mil pessoas por jogo, com partidas que chegaram a ter meros 4 mil torcedores no estádio. Existe na Fifa um projeto de transformar o torneio em uma competição entre 24 times, dos quais 12 seriam europeus e com a capacidade de atrair maior audiência de TV e, portanto, patrocinadores.

Estariam ainda classificados os quatro últimos vencedores da Copa Libertadores e mais um clube sul-americano melhor classificado em um ranking da Conmebol. Sete clubes viriam da África, Ásia e América do Norte e do país-sede.

Mas nem todos estão de acordo com o novo formato proposto. Parte da Uefa não quer mais datas e sim a volta de um jogo único entre sul-americanos e europeus para definir o campeão do mundo. Uma alternativa que apresenta à Fifa é de que o tal Mundial ocorra apenas a cada quatro anos, evitando assim um acúmulo de datas para os clubes europeus.

O torneio, que entraria no lugar da Copa das Confederações, deveria ocorrer em 2021 no Catar, local da próxima Copa do Mundo. Ao trocar a Copa das Confederações pelo Mundial de Clubes, a Fifa mataria vários pássaros com um só tiro: eliminaria um torneio deficitário, garantiria um teste para os estádios da Copa e resolveria o problema de falta de datas dos europeus.

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