A Volkswagen dificilmente voltará a ter lucro em sua operação no Brasil em 2019. Foi o que afirmou nesta segunda-feira, 10, o vice-presidente de vendas e marketing da montadora, Gustavo Schmidt. Segundo ele, o principal problema é a alta do dólar, que encareceu insumos utilizados pela fabricante para a produção de veículos, em especial o aço.
A afirmação sinaliza uma mudança de expectativa em relação ao otimismo demonstrado pela empresa no final de janeiro. À época, o presidente da Volkswagen para a região da América do Sul e Caribe, Pablo Di Si, afirmou que a montadora estava muito perto de sair do prejuízo e que a operação voltaria a dar lucro em 2019, depois de seguidos anos no vermelho. Segundo ele, a virada só não havia ocorrido ainda por causa da crise da Argentina, para onde a fabricante envia a maior parte da produção brasileira destinada à exportação.
A expectativa de Di Si era sustentada principalmente pela aposta de recuperação da economia brasileira. Em janeiro, as principais instituições financeiras do País estimavam que o PIB cresceria entre 2% e 3% em 2019, impulsionado pelas reformas prometidas pelo governo Jair Bolsonaro.
No entanto, as dificuldades de articulação política do governo deixaram os bancos mais cautelosos, reduzindo as projeções para números mais tímidos, em torno de 1%. O dólar, por sua vez, subiu. No dia 23 de janeiro, quando o presidente da Volkswagen disse que a montadora voltaria a ter lucro em 2019, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,76. Depois de superar a casa dos R$ 4 ao longo das últimas semanas, fechou nesta segunda a R$ 3,88.
A dificuldade da Volkswagen de registrar lucro ocorre mesmo em um momento de aumento das vendas. O mercado de automóveis no Brasil cresceu 11,2% no acumulado de janeiro a maio. No entanto, a maior parte desse crescimento se deve a clientes corporativos. Os consumidores tradicionais, que resultam em vendas com maior margem de lucro, ainda apresentam resultados tímidos.
Para Schmidt, vice-presidente de vendas da Volkswagen, o mercado voltado ao consumidor comum só deve acelerar no segundo semestre deste ano, quando os níveis de confiança dos agentes econômicos estiverem maiores, impulsionados pela esperada aprovação da reforma da Previdência.