O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, destacou o fato de que, com expectativas de inflação baixa, os dirigentes acabam por ter menos espaço para cortar os juros, se necessário. Em seu discurso, ele anunciou mudança na política monetária do Fed, que buscará agora uma "inflação média" de 2%, o que segundo ele já vinha sendo discutido pela instituição desde o início de 2019.
Em sua fala, no simpósio de Jackson Hole, em edição virtual neste ano, Powell lembrou que algumas décadas atrás o desafio era a inflação elevada, mas agora o quadro é outro.
Ao citar as motivações para a revisão na política monetária, ele comentou que a taxa de crescimento potencial da economia, o que já era esperado, também por questões demográficas, mas igualmente de produtividade.
Além disso, Powell lembrou que o nível das taxas de juros caiu pelo mundo e que as estimativas para a taxa de juros neutra "têm recuado substancialmente".
Um terceiro fator citado foi que os EUA tinham há pouco o melhor mercado de trabalho em anos, com benefícios disseminados pela sociedade. Isso, porém, não significou "um aumento significativo na inflação", destacou Powell, sem que a meta de 2% tenha sido atingida em uma base sustentada. Segundo ele, o achatamento da curva de Phillips contribuiu para a inflação mais baixa.
Powell afirmou que a inflação persistentemente abaixo da meta de 2% no longo prazo "é motivo de preocupação" e que as pressões desinflacionárias globais podem ter contribuído para os preços mais baixos nos EUA.
Segundo ele, a inflação muito baixa por muito tempo "pode representar sérios riscos para a economia". "Expectativas de inflação bem ancoradas são cruciais para dar ao Fed a latitude para apoiar o emprego quando necessário, sem desestabilizar a inflação", destacou.