Com exterior negativo, Bolsa fecha em baixa de 0,96%, aos 119.198,97 pontos

Com moderada realização de lucros em Nova York após recentes máximas, o Ibovespa interrompeu hoje série de três ganhos ao fechar em baixa de 0,96%, aos 119.198,97 pontos, em sessão na qual voltaram a predominar preocupações sobre a situação fiscal doméstica, em meio ao encaminhamento da retomada do auxílio emergencial, o que contribuiu para levar o dólar a R$ 5,4530 na máxima do dia. Na B3, o índice de referência oscilou entre mínima de 118.514,98 e máxima de 120.845,47, com abertura a 120.360,70 pontos. Na semana, as perdas estão em 0,19%, colocando os ganhos do mês a 3,59% e limitando os do ano a 0,15%. Reforçado, o giro foi de R$ 40,6 bilhões na sessão.

"A retomada nos rendimentos dos títulos globais começa a preocupar investidores. Apesar do firme compromisso do Fed de que a política monetária permanecerá favorável, e (perspectiva) de gastos fiscais adicionais no governo Biden, as ações nos EUA estão prontas para uma retração se os rendimentos (dos títulos) continuarem subindo. Outra rodada de dados econômicos mistos confirma o que sabemos: a recuperação econômica está desequilibrada", observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York.

Nos Estados Unidos, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego atingiram máxima de quatro semanas, a 861 mil na leitura divulgada nesta quinta-feira, bem acima da estimativa de consenso para o período, de 773 mil, superando também a anterior, revisada para cima a 848 mil. Questionada hoje sobre o temor de disparada da inflação com a possível aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que os dados sobre emprego reforçam a necessidade do estímulo.

Em outro desdobramento, o epidemiologista Anthony Fauci, principal assessor médico da Casa Branca, avaliou que a sociedade americana deve voltar a ter algum grau de normalidade apenas por volta do Natal – e que tal previsão está sujeita a riscos, entre os quais a disseminação de variantes mais contagiosas do coronavírus.

Assim, mesmo com sinais de que a massificação da vacina nos EUA tem contribuído para deter a pandemia no país, a sensação é de que ainda se está a uma certa distância da normalização e que a massiva concessão de estímulos ao redor do mundo cobrará preço, mais cedo ou mais tarde, na forma de elevado endividamento público e de inflação, após anos de variações inferiores às metas perseguidas pelos principais bancos centrais – e sem que a economia mostre, até agora, resposta compatível com o grau de estímulo.

Neste contexto, as vulnerabilidades fiscais brasileiras, acentuadas pela necessidade de retomada do auxílio emergencial, ficam mais evidentes, transmitindo-se diretamente ao câmbio e ao fluxo de recursos estrangeiros para a Bolsa – o qual tem se mantido favorável desde novembro, embora com menos fôlego em fevereiro, positivo a R$ 2,649 bilhões no mês e a R$ 26,206 bilhões em 2021.

Nesta quinta-feira de ajuste negativo nos preços do petróleo, Petrobras PN e ON fecharam respectivamente em baixa de 1,08% e 0,84%, com Vale ON no campo positivo, em alta de 1,09% no encerramento, em dia no qual, após o longo feriado do Ano Novo Lunar, o minério de ferro teve avanço de 4,9% em Qingdao e de 7,1% em Dalian, na China. As siderúrgicas fecharam sem direção única na sessão, com destaque para alta de 1,12% em CSN ON, sexto maior ganho do Ibovespa na sessão – na ponta do índice, JHSF (+3,78%), Carrefour (+2,33%), Suzano (+2,28%), PetroRio (+1,49%) e Klabin (+1,47%). Os bancos cederam terreno, tendo Santander (-1,46%) e Bradesco ON (-1,35%) à frente. Entre as maiores perdas do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para Minerva (-4,37%), B2W (-3,91%) e TIM (-3,67%).

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