Alternando ganhos e perdas nas últimas quatro sessões, o Ibovespa voltou a ceder terreno neste começo de semana, com volume financeiro muito enfraquecido, à tarde, pelo jogo decisivo entre Brasil e Coreia do Sul, às 16h. A acentuação do sinal negativo em Nova York na etapa complementar foi acompanhada por piora do Ibovespa, que fechou a sessão em baixa de 2,25%, aos 109.401,41 pontos, entre mínima de 109.270,18, do fim da tarde, e máxima de 112.149,58 pontos nesta segunda-feira. No mês, com apenas três sessões, o índice da B3 cai 2,74%, limitando o avanço do ano a 4,37%. O giro financeiro foi de apenas R$ 22,4 bilhões nesta segunda de Copa.
Na B3, Petrobras, que resistia mais cedo ao sinal negativo do petróleo, alinhou-se ao longo da tarde ao dia ruim para a commodity, que cedeu mais de 3% na sessão, tanto no Brent como no WTI, em sessão marcada pelo início do teto do preço do petróleo russo. No fechamento, Petrobras ON e PN mostravam, respectivamente, baixas de 1,35% e 1,12%, enquanto Vale ON também mudou de sinal e caiu levemente (-0,10%), uma das poucas blue chips que, mais cedo, conseguia se descolar da sessão negativa, amparada então por avanço de 2,45% no minério em Dalian (China), a US$ 114,29 por tonelada, com novas flexibilizações das medidas contra a covid no país asiático.
O Ibovespa também sentiu o efeito de perdas em torno ou acima de 2% na sessão para as ações de grandes bancos, chegando a 3,71% para Bradesco PN. Na ponta perdedora da carteira do índice, destaque para Positivo (-11,50%), Qualicorp (-9,74%), Totvs(-8,01%) e Renner (-7,80%). Do lado oposto, um grupo restrito de ações, com destaque para as de exportadoras como Klabin (+2,22%) e Suzano (+2,20%), em dia de apreciação de 1,30% para o dólar frente ao real, a R$ 5,2829 no fechamento.
No exterior, com os investidores muito atentos a dados econômicos americanos neste período de silêncio das autoridades monetárias do Federal Reserve, que precede a próxima deliberação sobre juros nos Estados Unidos, repercutiu, no começo da tarde, tanto a leitura sobre a atividade de serviços, do ISM, como a de encomendas à indústria, do Departamento do Comércio. Por outro lado, dados da zona do euro mostraram retração do setor de serviços, aponta Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, em dia também negativo, ainda que em grau menor, para as bolsas europeias.
Nos Estados Unidos, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços subiu de 54,4 em outubro para 56,5 em novembro, informou o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês). Analistas ouvidos por The Wall Street Journal previam aumento menor, a 53,7. E as encomendas à indústria subiram 1,0% em outubro ante setembro, segundo o Departamento do Comércio. O resultado veio acima com a expectativa de analistas consultados pelo WSJ, de crescimento de 0,7%.
Com os dados, no começo da tarde houve aumento da pressão na curva dos Treasuries e no dólar, e por aqui os juros futuros ampliaram a alta e renovaram máximas em vários pontos da curva, mais sensivelmente na ponta longa.
No Brasil, começa amanhã e vai até o fim da tarde de quarta, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que definirá a taxa de juros (Selic) para os próximos 45 dias. O Copom deve manter a taxa Selic estável em 13,75% e o tom hawkish no comunicado, avalia o Goldman Sachs. O banco espera que o colegiado reitere a "postura vigilante" e que não hesitará em retomar o ciclo de aperto caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.
Por sua vez, o Credit Suisse, que também aguarda Selic inalterada a 13,75% nesta quarta-feira, espera que o colegiado reitere a estratégia de juros altos por mais tempo para garantir a convergência da inflação e a possibilidade de retomar o ciclo de aperto caso o processo não ocorra como esperado, especialmente diante da incerteza fiscal doméstica.