O inconformismo com a violência das torcidas organizadas e a tristeza dos familiares marcaram o enterro de José Sinval Batista Carvalho, vítima dos conflitos de domingo entre corintianos e palmeirenses em São Miguel Paulista. “Essa violência tem de acabar”, disse o irmão José Celso Batista de Carvalho. “Eu me sinto inconformada”, disse Selma Batista de Carvalho, irmã da vítima.
Cerca de 50 pessoas estiveram no enterro na manhã desta sexta-feira, no Cemitério da Saudade, zona leste de São Paulo. Participaram da cerimônia não apenas os parentes, mas também moradores da região de São Miguel Paulista que ficaram sensibilizados com a tragédia. O silêncio marcou toda a cerimônia, realizada de forma simples e rápida, em cerca de 20 minutos.
Sinval foi a única vítima dos confrontos generalizados que aconteceram em quatro pontos de São Paulo, antes e depois do clássico do último domingo entre Corinthians e Palmeiras. Ele foi atingido por um tiro no peito na praça Padre Monteiro Aleixo Mafra, também conhecida como praça do Forró. Os familiares contam que Sinval não gostava de futebol e estava na praça apenas passeando – ele é morador do bairro Cidade Nova São Miguel.
Sinval demorou a ser reconhecido por estar sem documentos na manhã de domingo. Ele saiu apenas com R$ 5 e um cartão telefônico. A identificação foi feita com a comparação das impressões digitais com o cadastro estadual da polícia e o reconhecimento dos familiares. Ao longo da semana, a polícia divulgou um retrato falado para facilitar a identificação.
A polícia ainda investiga a origem do disparo – o projétil e a arma ainda não foram localizados. Ao todo, 60 pessoas foram presas após os confrontos entre corintianos e palmeirenses, antes e depois do clássico, em São Miguel Paulista, na estação Brás, da Linha Vermelha do Metrô, em Guarulhos e em Pinheiros. Todos foram liberados após assinatura de um termo circunstanciado.