Com uma disputa embolada pela vaga no segundo turno da eleição para a prefeitura do Rio, segundo as pesquisas de intenção de voto, os candidatos mais cotados para se manter na disputa do pleito votaram na capital fluminense em clima de otimismo. Segundo a última pesquisa Ibope, Eduardo Paes tem 41% dos votos válidos, ante 16% de Marcelo Crivella (Republicanos), 13% de Benedita da Silva (PT) e 11% de Martha Rocha (PDT). Até por isso, os concorrentes para uma segunda vaga demonstraram confiança em um bom resultado.
Líder disparado nas pesquisas às eleições municipais do Rio, o ex-prefeito Paes votou no Gávea Golf Clube, em São Conrado. Ele afirmou estar otimista e atacou Crivella, o atual prefeito e seu potencial adversário no segundo turno. "Não me deprimo com pesquisa ruim, nem me animo com pesquisa boa. Mas óbvio que a pesquisa da véspera da eleição traz um sinal positivo", afirmou. "A gente só vai falar de um eventual segundo turno se houver segundo turno", disse.
O candidato chegou por volta das 10h25, após ter acompanhado o filho Bernardo em seu primeiro voto. Além do filho, estavam ao lado do candidato a mulher Cristine e a filha Isabela. Paes votou em cinco minutos e evitou comentar diretamente um eventual apoio do presidente Jair Bolsonaro a seu nome no segundo turno. "Essa eleição é para discutir o Rio de Janeiro. Está muito claro que o Bolsonaro apoia o Crivella, que o Lula apoia a Benedita, que o Ciro apoia a Martha, a Marina apoia o Bandeira (de Mello). E eu quero tratar do Rio", disse. "Fico sempre atrás do voto de todo mundo. Quero que todos os eleitores do Rio votem em mim", desviou ao ser questionado se a vinculação com Bolsonaro poderia atrapalhar.
Crivella, por sua vez, agradeceu ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo apoio, mas disse que ele classificou seu adversário Paes como "bom gestor" por estar mal informado. Ele votou pela manhã acompanhado pela mulher e pelo filho em uma escola da Barra da Tijuca. "O apoio que o presidente me deu já foi muito grande. Ele entrou no primeiro turno, quando ia só para o segundo. Quando você é prefeito, governador, presidente, tem que governar com sua base, que quase sempre tem outros candidatos. O presidente teve uma coragem gigantesca, fico imensamente grato", afirmou.
(Bolsonaro) chamou (Paes) de bom gestor porque não tinha informação", disse o prefeito. "O Eduardo Paes foi delatado pela Andrade (Gutierrez), OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia", disse, elencando construtoras. "Todas as empresas da Olimpíada disseram que fraudaram as licitações. Eu estou pagando esses R$ 7 bilhões que ele deixou para eu pagar porque houve superfaturamento, sobrepreço. O secretário do Eduardo pegou 76 anos de cadeia. Bom gestor é quem escolhe secretário que não é preso, que não rouba", criticou Crivella.
O atual prefeito, que busca a reeleição, questionou as pesquisas. "Elas erraram pra caramba. O segundo turno é uma nova eleição, e teremos o mesmo tempo na TV. Eu fui para o segundo turno com o (Luiz Fernando) Pezão (na eleição para governador, em 2014) em vantagem", lembrou.
Já a candidata do PT à prefeitura do Rio, Benedita da Silva, votou cedo na escola municipal Santo Tomas de Aquino, no Leme. Ela subiu na última pesquisa e se mostrou esperançosa de alcançar o segundo turno e disputar o executivo municipal com Eduardo Paes. "Estou serena e esperançosa de chegar no segundo turno, ainda mais com esse resultado de última hora ", afirmou. "Nós trabalhamos para isso. É uma emoção muito grande, depois de tantos anos, voltar candidata à prefeitura. Fizemos uma campanha muito bonita, alegre, sem baixarias, mostrando o que queremos para a cidade."
A candidata, de 78 anos, votou acompanhada do marido, o ator Antônio Pitanga, da cantora Eliana Pittman e da deputada federal Jandira Feghalli. Benedita contou que vai aguardar o resultado da apuração em casa, com os netos e os bisnetos. "Hoje tem bobó de camarão ", disse.
Empatada tecnicamente em segundo lugar com Crivella e Benedita, a candidata Delegada Martha Rocha votou por volta das 11h na Tijuca, zona norte do Rio. Ela se disse confiante na ida ao segundo turno. "Tenhos as melhores e maiores expectativas. Há uma indefinição e uma profunda rejeição ao atual prefeito. As pesquisas estão divergentes, o segundo lugar não está definido e eu tenho convicção de que tudo o que vivi nas ruas me dá esperanças de estar no segundo turno", disse.
Ela ficou à frente de Benedita nas pesquisas durante quase todo o período eleitoral. No sábado, 14, contudo, os maiores institutos do País mostraram tendências distintas. No Datafolha, ela continua como a candidata com mais chances de tirar o prefeito Marcelo Crivella do segundo turno. No Ibope, contudo, a petista aparece na frente dela. Ambas pontuam entre 10% e 15% dos votos válidos nos levantamentos. Deputada estadual de segundo mandato, a pedetista foi a primeira mulher a chefiar a Polícia Civil do Rio.
Durante a campanha, Martha ressaltou o histórico como delegada, cargo que inseriu no nome de urna. Ao votar neste domingo, estava acompanhada do marido, Eduardo Moreira. Apesar de ser uma das principais apostas do PDT neste ano nas grandes capitais, ela evitou nacionalizar a campanha e pouco citou o ex-presidenciável Ciro Gomes, que teve votação expressiva no Rio em 2018.