Cinco meses depois, a Fórmula E retorna nesta quarta-feira com "maratonas" dentro e fora da pista. No asfalto, pilotos e carros elétricos enfrentarão situação incomum no automobilismo: disputar seis corridas em apenas nove dias. Fora do traçado, os atletas vão manter a rotina de testes e de preocupação com a covid-19. Dois casos já foram confirmados na competição. Um resultado positivo pode acabar com o campeonato de qualquer piloto do grid.
Pelas definições da F-E em meio à pandemia do novo coronavírus, um piloto com teste positivo perderá toda a série de corridas agendadas para os próximos dias, em Berlim. São seis provas, mais do que as cinco já disputadas no início da temporada, antes da paralisação da competição. No total, 1.421 pessoas já foram testadas no circo da F-E.
"Fiz mais um teste ontem (segunda-feira), com medo. Foram diversos testes nas últimas quatro semanas. A preocupação de perder seis corridas seguidas atingiu todos os pilotos", admite Felipe Massa. "Já fiz o teste cinco vezes, sempre antes de viajar. Sempre dá aquele medinho", diz Lucas Di Grassi.
Preocupados com a saúde e também com o risco de perder o restante do campeonato, os dois brasileiros voltam à pista nesta quarta, às 14 horas (Fox Sports), para a primeira de seis corridas na pista do Aeroporto Tempelhof, em Berlim. A capital alemã vai receber provas também na quinta, e nos dias 8, 9, 12 e 13 deste mês.
"Eu não lembro de ter entrado numa maratona como essa. Pelo menos não lembro de ter passado por uma situação como essa. Será super importante a preparação mental para corridas como essas", projeta o experiente Massa, vice-campeão mundial de Fórmula 1, em 2008. "Esses seis dias não serão fáceis para nós. Teremos que ficar bem concentrados."
Como se tornou frequente em diversas competições, a F-E montou uma "bolha" em Berlim para finalizar a temporada. E uma nova rotina foi criada para pilotos e equipes. "Por enquanto está uma situação bem estranha. Você fica naquela rotina de pista-hotel, pista-hotel, não pode fazer muita coisa, apesar de Berlim estar tudo aberto. Tem gente na rua e até manifestação pró-covid aqui. O que está muito fechado e restrito é o ambiente da F-E", comenta Di Grassi.
Vencedor da etapa de Berlim na temporada passada, o brasileiro diz que a torcida fará falta nesta reta final da competição. "Será estranho porque geralmente conseguimos ouvir o barulho do público, diferentemente do que acontece em outros campeonatos de automobilismo. Esse barulho vai fazer falta."
A ausência dos fãs não será a única mudança estrutural nas provas. Haverá menor número de pessoas na organização, como vem fazendo a Fórmula 1, por exemplo. Geralmente, a etapa disputada no aeroporto de Berlim suporta até 5 mil pessoas. Agora serão apenas 1.000. Cada time precisou reduzir seu estafe de 40 para 21 integrantes. Além disso, novos exames serão realizados durante os nove dias de disputa.
Além disso, ao longo da "maratona" o traçado em Berlim passará por mudanças. As duas primeiras corridas serão disputadas no sentido horário, ao contrário do que geralmente acontece nesta pista. No sábado e no domingo, o sentido mudará para anti-horário. E, nos dias 12 e 13, haverá alteração no próprio desenho do circuito, para aumentar a dificuldade para os pilotos.
Neste retorno, Massa e Di Grassi terão a companhia de Sergio Sette Câmara. O piloto brasileiro, contratado como reserva da equipe GEOX Dragon, será titular nesta série final de corridas da temporada. "Estou animado para começar este novo capítulo da minha carreira em Berlim com a GEOX Dragon. Estou confiante de que poderemos sair dessas duas primeiras corridas na zona de pontuação", diz Sette Câmara, que é reserva também na Fórmula 1.
Dono de um título na F-E, Di Grassi é o brasileiro com mais chances de faturar o troféu da temporada. O piloto da Audi ocupa o quinto lugar, com 38 pontos. Massa, da Venturi, é apenas o 19º. A liderança pertence ao português António Félix da Costa, da equipe DS Techeetah, com 67 pontos.