O Ibovespa mostrava indecisão quanto ao sinal do dia até o início da fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no meio da tarde, quando então, acompanhando a melhora em Nova York, firmou-se em alta, acentuando os ganhos perto do fechamento. Ao fim, a referência da B3 teve avanço de 1,42%, aos 112.486,01 pontos, em máxima da sessão coincidindo com o fechamento, enquanto, em Nova York, o índice amplo (S&P 500) subiu 3,09% e o de tecnologia (Nasdaq), 4,41%. Assim como o S&P 500, o índice blue chip de Nova York (Dow Jones) também fechou na máxima do dia, em alta de 2,18%.
Na B3, reforçado, o giro foi a R$ 40,2 bilhões nesta sessão de fechamento de novembro, em que o Ibovespa recuou 3,06%, a primeira perda mensal desde o tombo de 11,5% em junho – no mês anterior, outubro, o índice havia avançado 5,45%. Na semana, a referência sobe 3,22%, com ganho a 7,31% no ano. Hoje, oscilou entre mínima de 110.202,25 e a máxima de 112.486,01, do fechamento da sessão, saindo de abertura aos 110.909,69 pontos.
Após encerrar outubro aos 22.462,12 pontos em dólar, com o Ibovespa em alta de 5,45% e a moeda americana em baixa de 4,24% no mês, agora, neste fim de novembro, o índice da B3 está um pouco mais barato na moeda estrangeira, a 21.625,27 pontos, refletindo o avanço de 0,69% para o dólar neste penúltimo mês do ano e a queda de 3,06% acumulada pelo índice de ações.
Nesta quarta-feira, o Ibovespa acompanhou progressivamente a melhora de Nova York, com as três referências de lá começando a renovar máximas da sessão durante os comentários de Powell, o que permitiu que o índice da B3 se firmasse, então, pouco acima dos 111 mil pontos – ao fim, acima dos 112 mil, teve o melhor nível de encerramento desde 14 de novembro, então aos 113.161,28 pontos.
O presidente do Fed observou que a inflação, no momento, está mais espalhada pela economia, não apenas em salários, e que ainda há falta de equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho – na sexta-feira, saem novos dados oficiais sobre o emprego nos Estados Unidos, o payroll de novembro.
Em comentário bem recebido pelos investidores, Powell confirmou a expectativa do mercado de que, em dezembro, pode haver moderação no ritmo de alta dos juros nos Estados Unidos, o que contribuiu para colocar Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq nas máximas da sessão. Por outro lado, Powell apontou que, ao final do ciclo de elevação das taxas, os juros poderão ficar acima do que inicialmente se previa. "Na medida em que precisamos manter as taxas mais altas ou mantê-las mais altas por mais tempo, isso vai estreitar o caminho para um pouso suave", admitiu também o presidente do Fed.
Por aqui, os juros futuros tiveram reação favorável ao relato, do Broadcast Político, de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que a PEC da Transição, como está, não passa. Por isso, o governo eleito, para garantir a aprovação, deveria trabalhar pela retirada do Bolsa Família do teto de gastos por um prazo menor do que os quatro anos propostos.
"As falas de Lula contrárias à responsabilidade fiscal neutralizaram comportamento do mercado até favorável à sua eleição: naquela primeira semana depois do 30 de outubro, o EWZ (principal ETF de Brasil em Nova York) subiu 7,5%, o real se apreciou e a curva de juros fechou. Depois, vieram as declarações contra o fiscal, que assustaram o mercado e acentuaram demais a atenção sobre os valores e prazos da PEC da Transição. Mais do que ao valor e ao período em que se colocarão gastos fora do teto, o que pesa mais é a falta de parâmetro a partir do momento em que Lula se coloca de forma tão aberta contra a responsabilidade fiscal", diz Carlos Belchior, estrategista-chefe da G5 Partners.
Tal estresse, contudo, tem sido revertido pela expectativa de que a PEC venha a ser desidratada durante a tramitação no Congresso. Se, no cenário doméstico, cresce a expectativa por PEC menos ambiciosa, no exterior, a confiança na flexibilização das restrições na China relacionadas à política de covid-zero contribuiu, como ontem, para sustentar novo dia de recuperação para as ações de commodities.
As grandes do setor, Petrobras (ON +3,44%; PN +5,04%, na máxima do dia no fechamento) e Vale (ON + 1,50%), com peso no índice, puxaram o Ibovespa para cima, em movimento reforçado no fim do dia pela mudança de sinal dos grandes bancos, ao positivo, com destaque para Itaú (PN +1,01%) e Bradesco (ON +3,15%, máxima do dia no fechamento da sessão). Na ponta do Ibovespa, Locaweb (+7,55%), CVC (+6,12%), Totvs (+5,65%) e Petrobras (PN +5,04%). No lado oposto, BRF (-5,89%), Taesa (-4,06%) e Braskem (-3,63%).