Na primeira Páscoa com as lojas funcionando sem restrições de horário desde o início da pandemia, o principal obstáculo ao avanço das vendas de itens típicos da data neste ano é a carestia. Com a inflação do País acumulando alta de 11,30% em 12 meses até março, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, e os ovos de Páscoa até 40% mais caros em relação a 2021, de acordo com a Associação Paulista de Supermercados, as projeções de vendas são cautelosas.
Levantamento realizado nesta semana pela Associação dos Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj) constatou que metade dos consumidores vão comprar menos chocolates nesta Páscoa em relação a de 2021. Três em cada quatro (75%) pretendem presentear com chocolate este ano, resultado ligeiramente menor em relação à Páscoa de 2021 (78%).
O ajuste nas quantidades compradas é a saída para não deixar de consumir o produto ícone da data em meio à alta da inflação. Em 12 meses até março, o preço do chocolate em geral no IPCA-15 subiu 8,5%.
No entanto, a sondagem da Asserj revela que 70% dos consumidores se manterão fiéis à marca de chocolate que compraram no ano passado. Quem optou pela troca foi influenciado pelo preço e pela maior diversidade de produtos.
<b>Shoppings</b>
O shoppings, por exemplo, projetam crescimento de 2,5% nas vendas de chocolates, segundo a Associação de Lojistas de Shopping (Alshop). "O comércio vem sofrendo com aumento de preços que impactam de forma negativa o dia a dia e deve ter uma melhora tímida nas vendas nesta Páscoa", prevê Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da entidade.
Nas projeções do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), a intenção de compras para a data deve cair 6,7% neste ano em relação ao mesmo período de 2021. Na análise de Claudio Felisoni de Angelo, presidente da entidade, o aumento da inflação, que reduz o poder de compra, fez o brasileiro refazer a sua lista de prioridades. E nesse contexto de bolso apertado, os itens de Páscoa acabam virando supérfluos.