A mudança de sinal em Nova York à tarde, do negativo ao positivo, e a acentuação de ganhos em Petrobras (ON +4,10%, PN +4,30%), que chegou em certos momentos a passar à frente da própria alta do Brent na sessão, levaram o Ibovespa aos 115.218,65 pontos na máxima do dia (+0,92%), e a fechamento nesta segunda-feira ainda em alta de 0,86%, a 115.156,07, no maior nível deste mês de outubro, após ter encerrado setembro aos 116,5 mil. O giro ficou em R$ 19,0 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa ainda cede 1,21%, limitando o avanço do ano a 4,94%.
À exceção de Petrobras e de utilities como Eletrobras (ON +1,87%, PNB +2,32%), a sessão foi majoritariamente negativa para as ações na B3, refletindo a aversão a risco com novo ingrediente neste início de semana: a guerra no Oriente Médio deflagrada no sábado pelo Hamas, em ataque terrorista em escala considerada sem precedentes a Israel, 50 anos depois da Guerra do Yom Kippur.
A possibilidade de prolongamento dos combates na Faixa de Gaza, onde dezenas de reféns israelenses estariam sendo mantidos, colocou desde cedo pressão especialmente nas cotações do petróleo, tendo em vista também a rivalidade entre Israel e Irã, importante produtor da commodity e considerado um dos principais apoiadores do grupo extremista palestino.
"Um evento como esse resulta em aumento dos prêmios de risco, em um cenário que já era marcado, antes do conflito, por cautela dos investidores", diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "É muito cedo ainda para entender as repercussões dessa guerra, mas diferentemente do que se vê na Ucrânia, parece ser um conflito de exaustão mais rápida", observa Alex Lima, estrategista-chefe da Guide. "Poder ser uma guerra mais curta, mas muito custosa também."
"É natural o petróleo subir hoje da forma como se vê, principalmente se o Irã for arrastado para o conflito", acrescenta o estrategista da Guide Investimentos. "Israel não produz petróleo, mas o Estreito de Ormuz, que fica ali perto, é por onde passam 20% da produção global da commodity, o que explica também esta alta do Brent hoje", em um dia no qual o mercado de juros nos Estados Unidos permaneceu fechado por conta de feriado – lembrando que os juros futuros, assim como o câmbio, são uma correia de transmissão natural da percepção de risco dos investidores.
"É possível que o impacto sobre os ativos permaneça limitado, caso o conflito não se estenda a terceiras partes, tanto que as bolsas abriram de forma negativa, mas depois foram se ajustando", diz Guilherme Sahadi, CEO da BullSide Capital.
Dessa forma, o Ibovespa chegou a subir quase 1% no melhor momento da tarde, em paralelo à recuperação vista em Nova York, com relato, da agência <i>Reuters</i>, de que o Hamas estaria disposto a discutir logo uma trégua com Israel, em meio ao bombardeio noturno da Faixa de Gaza. Também contribuiu para a melhora o comentário do vice-presidente do BC americano, Philip Jefferson, sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos, recebido de forma favorável pelo mercado.
"Da guerra, por enquanto, o efeito maior veio para Petrobras e petrolíferas como Prio e 3R Petroleum, em alta na sessão. Também ajudaram o Ibovespa declarações mais dovish , suaves, de autoridade do Federal Reserve, com melhora lá fora que se espelhou aqui dentro", do meio para o fim da tarde, observa Fernanda Bandeira, sócia e especialista da Blue3 Investimentos.
Com a retomada dos negócios na China após o longo feriado da Semana Dourada, as ações do setor metálico voltaram a contar nesta segunda-feira com a referência de preços de Dalian, onde o minério de ferro fechou a sessão em baixa de 2,76%, a US$ 113,39, no contrato mais negociado, para janeiro de 2024. Na B3, Vale ON encerrou a sessão em baixa de 0,72%, na máxima do dia, e as perdas entre as siderúrgicas chegaram a 1,11% (Usiminas PNA), também relativamente moderadas no fechamento.
Na ponta perdedora do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Grupo Casas Bahia (-4,92%), Azul (-2,97%) e Alpargatas (-2,61%). No lado oposto, Prio (+8,78%), PetroReconcavo (+8,70%) e 3R Petroleum (+6,01%), à frente de Petrobras e de Magazine Luiza (+4,49%).